domingo, 25 de dezembro de 2011

Agora

Eu bebo rápido demais. Minha latinha em geral fica vazia antes das outras, aprendi a virar o copo, e a garrafa também. Prefiro vinho a qualquer outra coisa, barato de preferência, sobe mais rápido também.

Vivo mudando, fazendo diferente, fazendo mais errado, cada vez mais errado. As minhas já comprovadas habilidades de não precisar dormir e não precisar comer fazem parte disso, pois acho perda de tempo ocupar um terço da sua vida babando e roncando e cagando. Viver é mais produtivo.

Talvez eu esteja nessa foto, só não sei aonde.
Não sonho mais, não dá tempo, quando sonho é conturbação, não que a vida seja calma, mas a realidade ao menos é esperada. Há tempos não tenho aquela satisfação de comer uma comida fantástica, todos os gostos são iguais.

Ocupo meu tempo produzindo, sem parar, estou sempre pensando no que fazer com determinado projeto. O problema é que eu penso demais.

Me falaram que sou legal demais, me falaram que sou amigo demais, me falaram que desisto fácil demais, me falaram que tenho opiniões demais. Mas ninguém falou que não é errado ser demais; o errado é ser de menos, é ser pouco, é estar longe, é ser fraco. Não que eu seja forte, a força é uma virtude dos desavisados. A fraqueza é uma virtude também, se bem utilizada.

Agora sei que esse imediatismo faz parte do meu viver, quero tudo pra agora, não sou de deixar pra depois, e se não for então me acostumo mesmo, me conformo, desisto. Acho que isso talvez seja ser forte de uma forma diferente.

Afinal, esperar é perda de tempo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Ensaio sobre o Fim de Ano - parte 3

Por fim, o que esperar das promessas e lembranças. Nessas épocas revisitamos o que fizemos durante o ano que termina, e nos programamos sobre o que fazer no ano que vai começar. E o que esperar do futuro, se não o que podemos fazer com ele? O futuro de nós depende.

Quanto ao passado, é comum pesar o yin yang do ano vivido. Muitos se perguntam se foi bom ou ruim, outros fazem lista de prós e contras. E o que pesa realmente nesse balanço, nessa lista? Como é possível definir com precisão se os últimos 365 dias foram ruins de fato?

A maior parte das pessoas baseia sua concepção de bom ou ruim deixando de lado fatores cruciais. O que cada um ganhou ou perdeu nesse ano, como foi o lado profissional, familiar, estudantil, nas amizades. Esses quesitos em geral pouco importam, pois o que se leva em consideração como fator essencial, algumas vezes único, é o sentimental.

Os relacionamentos amorosos determinam a qualidade relativa não só do ano, mas das vidas das pessoas, acima de tantos outros fatores tão ou mais importantes. Por vezes uma promoção, ou aumento de salário, no trabalho é completamente esquecida, em detrimento de um relacionamento que não deu certo. Então por isso o ano foi negativo.

Menos importância deveria ser dada a esse setor da vida, e mais preocupação também com os outros pontos importantes, pra que se faça com que cada ano seja positivo (ou negativo) não só por um motivo, mas por todos.

Enfim, dias como todos os outros virão, nada de diferente, as mudanças dependem de cada um. 2012 chega, e de 2011 já chega.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ensaio sobre o Fim de Ano - Parte 2

Dia primeiro de janeiro é feriado de Confraternização Universal, assim eu imagino 7 bilhões de pessoas bêbadas numa festa destruindo tudo e sujando tudo...

Tudo pode ser motivo pra comemorar. Festeja-se pelas mais inesperadas razões, o importante mesmo é bater um copo no outro e simplesmente beber. Nessas épocas de fim de ano então esses festejos se potencializam.

As principais datas comemorativas são o Natal e o Ano-Novo, uma pelo nascimento cristão de Jesus, outra pela virada de ano (já explorada na primeira parte do ensaio). No caso do Natal, diversas controvérsias acompanham os festejos, como o fato de que Cristo não nasceu nessa data, e as origens do 25 de dezembro passam por festas pagãs da Roma Antiga, entre outros. Hoje em dia critica-se a data por ser uma mera indução ao consumo exacerbado capitalista.

O Natal é uma data convencionada, e sendo capitalista ou não, impulsiona o mercado nessa época de fim de ano e de décimo terceiro salário. A data incentiva a troca de presentes, que motiva a brincadeira do Amigo Secreto, que acaba levando a mais confraternizações. E como tudo é motivo pra festejar, a simples troca de presentes é acompanhada de um churrasco e uma cerveja, ou melhor, várias.

Assim nossas agendas ficam lotadas, é a confraternização da turma da faculdade, da empresa, dos antigos colegas, ou simplesmente a dos brothers, entre outras. E essas festas são por vezes surpreendentes, casos surgem e desaparecem, conhecemos pessoas novas, é possível ver o chefe sério bebendo um pouco mais que devia, ou aquele colega passando dos diversos limites possíveis. Pode ainda você mesmo fazer tudo isso, e mais um pouco, e acordar no outro dia se preparando já pra próxima festa. Pois afinal, nem é de fato necessário ter um motivo pra comemorar.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Ensaio sobre o Fim de Ano - Parte 1

Jingle Bells, Jingle Bells, Jingle all the way...

Um dos grandes símbolos dessas épocas festivas, os "Holidays", como são chamados por aí. Época de assistir filmes temáticos na Sessão da Tarde, com crianças enfrentando bandidos perigosos; e velhos barbudos vestidos de vermelho salvando o dia e sendo exemplo de bondade e compaixão.

Época de comidas típicas, do peru à lentilha. Tempos de vestir-se de branco, relembrar, agradecer ou lamentar, torcer e esperar; e outros infinitos verbos no infinitivo. Momento de férias (não para todos), de descansar e se preparar para uma nova jornada. Épocas de viradas.

Mas... que viradas? A contagem de tempo hexadecimal, que usa o padrão dos 60, é a forma humana de determinar pequenos espaços de tempo. O número 60 foi o escolhido por ser considerado um dos mais adaptáveis, sendo ele o MMC de 1, 2, 3, 4, 5, 6, 10, 12 e 15.

O calendário gregoriano é uma das formas ocidentais de marcar a passagem do tempo em médias escalas, teve início com o nascimento de Cristo (erroneamente contabilizado, já que ele teria nascido no ano 4 a.C., antes do próprio nascimento). Tem como base o sistema lunar, porém erros de implantação e até interesses políticos, fizeram ao longo da história com que ele não seja considerado tão eficiente.

Qualquer que seja a medida utilizada para determinar a passagem do nosso querido, convencionado e relativo tempo; o fato é que cada mísero instante pode ser considerado uma virada. Mais ainda serão viradas as horas, dias, semanas, fases da lua, meses, semestres, e por fim o ano. "Por fim" em termos de média escala, pois poderíamos considerar como viradas mais intensas ainda os quinquênios, décadas, séculos e milênios. As celebrações de Réveillon anual têm origens distintas, ocidentalmente falando a culpa e do Imperador Julio César. 

Em geral nada muda drasticamente de 31 de dezembro a 01 de janeiro, fora as piadas de "só vou tomar banho ano que vem". No entanto, qual o motivo de tanta expectativa em torno dessa data tão específica? O objetivo claramente (entre outros) é libertar-se do que está ficando no passado, e iniciar uma nova jornada no ano que começa. O primeiro de janeiro nada mais é que convenção, assim a "virada" individual poderia acontecer em qualquer outro dia. Mas não o é.

Isso acontece porque as pessoas precisam de algo objetivo e claro que as disciplinem a variar, como uma data específica, pois se dependesse unicamente de cada indivíduo, a maioria deles seguiria com suas vidas pacatas sem esforço inovativo algum. "Esse é o dia da virada, em que tudo muda, e eu começo uma nova vida", apesar de nada mudar, e as vidas serem as mesmas.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Junkie Interessante

Ela tinha um estilo meio junkie
Era estranha e toda toda interessante
Usava algumas gírias animais
Que o meu velho já nem ele usa mais

Eram tempos de amores tão estranhos
Eu vivia todo aquele retrocesso
E amá-la parecia tão errado
Tudo nela era poli muito e pluri

Os seus lábios me diziam pára pára
O seu corpo me dizia eu quero mais
Os seus lábios se afastavam da minha cara
O seu corpo aproximava um pouco mais

E amá-la parecia o menos certo
Ela queria que amar fosse errado
Tudo nela era menos que podia
Seu esforço era em prol de ser zuado


Os seus lábios me diziam pára pára
O seu corpo me dizia eu quero mais
Os seus lábios se afastavam da minha cara
O seu corpo aproximava um pouco mais

Ela fugia mas no fim sempre voltava
Eram tempos de amores tão estranhos
Aquela junkie interessante e toda errada
Deixava o mundo todo errado interessante

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Queens of the Stone Age Temple Pilots

30 Seconds to Bruno Mars
A Banda Mais Bonita da Cidade Negra
AeroSmiths
Apanhador Só pra Contrariar
Asa de Eagles
Atari Teenage Fanclub
Audio Slayer
B. B. King Diamond
Banda EvaNescence
Bruno e Ramones
Cansei de Ser Sex Pistols
Chico Science e Nação Zumbis do Espaço
Dream Theater Mágico
Dropkick Murphy's Law
Great White Stripes
Green Day to Remember
Guns 'n Stone Roses
Little Joy Division
Maria Rita Lee
New Order on the Block
No Turning Back Street Boys
Pato Fu Fighters
Projota Quest
Rage Against the Machine Head
Rebbeca Black Rebel Motorcycle Club
Rebbeca Black Sabbath
Red Hot Chilli Peppers Lonely Hearts Club Band
Seu Jorge Ben Jor
The Beach Boyz 2 Men
The Flower Kings of Leon
The Johnny Clash
The Mamas and the Papa Roach
The Whobastank
Vitor e Léo Jaime
Zezé di Camargo e Luciano Pavarotti


com Cristiano, Ênio, Marlon e Michele.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Vivemos tempos hipermodernos


O conceito introduzido no final do século XX pelo filósofo francês Gilles Lipovetsky, sinaliza uma época hiperbólica, onde tudo tende ao exagero, à inflação do autoproclamado ego da própria sociedade como um todo.

A hipermodernidade surge como substituto à modernidade, seria uma nova revolução moderna, onde os valores individuais sobrepujam os valores coletivos. “O fim das ideologias, o surgimento de uma nova cultura hedonista, o destino da comunicação e do consumo de massa, o psicologismo, o culto do corpo. Todas essas realidades mostravam que havia um novo capitalismo e também um novo tempo da vida democrática”. Assim conceitualiza o próprio Lipovetsky.

Lipovetsky, juntamente com outros filósofos, cunhou e propagou o termo pós-moderno, que seria essa época de cultura individualista em que vivemos. No entanto, o francês acredita que o termo foi empregado erroneamente, por isso passou a usar a hipermodernidade. Para ele o pós-modernismo nunca chegou a existir, pois vivia-se outra modernidade, diferente da anterior.

Na revolução da modernidade iniciada lá no século XVIII, tudo era baseado no futuro, programado para o que estava por vir. A grande diferença que a hipermodernidade instituiu no século XX foi a visão mais imediatista, estando tudo focado no presente.

           A nova modernidade não tem mais limites, tudo é exagerado, superlativo, “a modernidade passou para uma velocidade superior em que tudo hoje parece ser levado ao excesso”, assim sendo tudo é hiper.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sobre a Ponte

Algumas pessoas devem seguir pelas vidas inteiras que recebem sem pensar sequer uma vez em suicídio. Para outras talvez esse pensamento as acompanhe diariamente, sem faltas e falhas.

Todo sujeito deve ter aquele momento de desespero, quando reprova de ano, quando perde um membro da família, ou quando termina um casamento. No entanto, algumas pessoas vivem no desespero, sem saber de onde tirar as forças pra puxar o ar mais uma vez, sem saber a que se agarrar. E até vivem épocas boas, onde tudo parece se encaixar, em que o pensamento passa um pouco despercebido, como uma música baixinha de fundo.

Pessoas que vivem no limite, sem saber quando vai chegar a hora em que deverão tomar a decisão definitiva. E essa decisão não é uma demonstração de fraqueza, é exatamente o oposto, é necessário muita força para conseguir ultrapassar a barreira final e acabar com o que um dia começaram por elas.

O mais intrigante de tudo é exatamente a dúvida, não saber quando esse passo será tomado, ou quando ele irá acontecer naturalmente. Sim, pois por mais jovem que seja a pessoa que morre, toda criatura nasce tendo como única perspectiva o fato de que irá morrer, portanto, toda morte é natural. Fato é que o não saber quando será o momento é extremamente angustiante.
Cena do documentário A Ponte

Acredito que às pessoas devesse ser dada a opção de escolher o momento em que findarão suas vidas, pois a maior injustiça da vida é não saber quando ela acaba, e não poder despedir-se triunfalmente e da maneira mais adequada conforme a vontade interior de cada um.

Assisti ao documentário A Ponte, sobre um dos locais mais procurados para atos de suicídio no mundo, a Ponte Golden Gate, em São Francisco; e me identifiquei em cada uma daquelas pessoas, e em cada um daqueles familiares, como se todas as histórias fossem nossas.

E sei que todos eles tinham razão em seus objetivos concretizados, pois fizeram o que lhes cabia, foram fortes, e ultrapassaram os limites.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A plateia pega fogo quando rolam os festivais

Saiu hoje o tão esperado lineup do Lollapalooza, festival originário dos Estados Unidos e que terá uma edição brasileira pela primeira vez nos dias 7 e 8 de abril de 2012. A confirmação do Foo Fighters, que já corria à boca pequena há meses, era a mais aguardada, e assim procedeu-se.

Ainda esse mês foi anunciada também a primeira edição no Brasil, diga-se de passagem em São Luis do Maranhão, do maior festival de heavy metal do mundo, o Wacken Open Air, que aqui se chamará Metal Open Air. O festival vai acontecer no mesmo abril do Lolla, dias 20, 21 e 22.

Não faz nem dois meses estive no Rio de Janeiro em virtude do Rock in Rio. Festival nascido no Brasil, outrora exportado e que agora voltou às nossas terras depois de 10 anos, e já foi logo anunciada sua edição bienal a partir de agora, 2013 tem mais.

Mais recentemente que o RiR, tiveram vez o Planeta Terra e o SWU, fechando a contagem de cinco festivais de proporções gigantescas no Brasil num espaço de apenas sete meses, um parto prematuro. A contagem de bandas fica a cargo de alguém que tenha TOC.

E todos lotam, agitam, movimentam. O público brasileiro era carente de grandes eventos musicais por aqui. E felizmente essa carência tem sido suprida, cada vez mais. É bom ver que nesses infernos brasileiros a galera tem estado em chamas com cada vez mais frequência.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Once and then

After all that is and will be
There shall last only bones
But still
In the dust that once was my heart
There will be a memory
A tiny memory of you
And it will last forever
For we were made to be one
And I love you


e


Before you get in too deep
And you get burned by the heat
Oh yeah
She'll take you there
You know it happened to me
She'll make your heart break
She'll give you fever
She'll tell you everything but don't believe her
A perfect stranger
She knows the game
She'll promise heaven on earth
But don't believe her


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Virada

Virar o jogo. Virar a mesa. Virar o copo. Virar a noite. Virar no sentido de dar a volta por cima, se recuperar, e continuar...

A nossa galera invade Curitiba, e invade os corações curitibanos, corremos de um lado pro outro, e vemos uns shows que nem precisavam existir, pois como bem foi dito, só essa galera já é o suficiente. Suficiente pra virar, pra virar tudo. Pois que de uma semana ruim, que final de semana excelente pode haver. E tudo o que era necessário é o que foi suficiente, essa galera que deixa Curitiba mais bonita.

Noite virada, 40 horas sem dormir, virando a virada. Copos virados, de café, cerveja, coca, suco de goiaba. E um sujeito que vomitava incessantemente, cosplay do cavalo babão, virou demais.

E a nossa virada de jogo. Coletiva a virada de jogo. Horizontes sendo abertos, possibilidades insanas. Uma viagem por métodos pouco convencionalmente utilizados, outrora Draminescos. E como saber o que é amor quando tudo o que se vê é um casal que se vira com amor? E muito vira, e muito ama, sabe-se que aquilo é amor de verdade. Ou deve ser algo muito próximo disso, caso o tal do isso não exista. E como juntar dois fotógrafos sem ser por fotografia? Braços entrelaçados, e determinado pacto, passados deixados, e uma virada, brutal virada de mesa.

A minha virada. Virada coletiva. Possibilidades insanas. Hora de abrir horizontes. Pois também tenho o quê deixar pra trás. A Virada Cultural não poderia ter caído em final de semana mais adequado.

sábado, 5 de novembro de 2011

Europe

Hoje faz um ano que eu NÃO fui ao show do Europe. E pra comemorar, a maior música de amor perdido de todos os tempos:


Porque there will come a time, no matter who you are, when you ask yourself: was it right or wrong for me to turn away?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Relativo à relatividade

Professores passam diversos textos acadêmicos que até devem ser muito úteis. Eu não os leio, nos intervalos entre uma aula de telejornalismo e uma de teorias da comunicação, estudo sobre física quântica, astronomia, sociologia, geopolítica, etc.

No retrovisor vejo o reflexo do reflexo, e as coisas que ficam pra trás parecem estar indo pra frente, sinto as coisas se repetirem, e o movimento também é relativo. As idas e vindas do movimento são relativas, e tudo o que é relativo às idas e vindas é relativo. Carinho e afeto são relativos, e o tempo que se tem a dedicar assim o é. E dedica-se o tempo que se tem, ao que for, e o tempo que restar, com ele se faz o que quiser. Mas nunca o tempo é pouco, é apenas relativo.

Tudo depende do ponto de vista, tudo depende da perspectiva. Depende de quem olha e de onde olha. Existe a ideia de que acima da velocidade da luz é possível viajar no tempo, e bem, todos têm teorias sobre como fazer isso. Mas a bem da verdade viaja-se no tempo a todo o tempo, tendo em vista que o próprio tempo é relativo. A relatividade é relativa.

sábado, 29 de outubro de 2011

Estrelas


Com o que eu sei sobre você eu posso escrever um livro
Com o que eu não sei sobre você eu posso escrever outro livro
O seu mistério é algo lindo e envolvente
O seu amor é inevitável
Mas o que sabem do amor os nossos dias?
E as tuas luas são também inevitáveis
Não tenho tudo o que lhe falta de verdade
Você tem medo
E o que sabem os nossos dias é apenas medo
Mas são seus os meus dias
São seus os meus olhos
É meu o seu mistério
Nunca sabemos do futuro o que esperar
Do teu mistério tudo o que espero são tuas luas
Do teu amor e do teu medo os nossos dias
Pois do futuro todos os dias serão nossos
Compartilhando o teu amor e o teu medo
É hora de dormir
Olho as estrelas
E você é todas aquelas estrelas

domingo, 16 de outubro de 2011

Jovem se suicida no banho

O jovem Sebastião da Silva foi encontrado morto no banheiro de sua casa na tarde de ontem. Os policiais que investigam o caso informam que tudo indica um caso de suicídio.
De acordo com sua mãe, Sebastiana da Silva, Sebastião entrou no banheiro para tomar banho as duas da tarde. Preocupada com a demora a mãe decidiu arrombar a porta do banheiro as cinco horas da tarde para encontrar seu filho afogado no chão do banheiro.
A polícia foi acionada e agiu rapidamente, mas não foi capaz de ressuscitar o jovem cadáver, até porque isso não é jurisdição da polícia.
Sebastionor Silveira, o legista que agiu no caso, afirma que a morte foi um suicídio. "Sebastião se afogou com a água do chuveiro, ele abriu a boca e ficou olhando pra cima feito um idiota".
O enterro será amanhã no Cemitério Central. Estará chovendo.

domingo, 9 de outubro de 2011

Thinking


And he said:
“Breath”
And it breathed
And he said:
“Think”
And it thought
And he said:
“Take care”
And it complained,
For it was thinking for itself

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Antecipação

Desde o início dos tempos, um dos grandes objetivos e utopias da humanidade é prever e saber o que acontecerá no futuro, próximo ou distante. Na Grécia, os oráculos eram como representantes dos deuses na Terra, previam o futuro de acordo com o que esses lhes falavam serem suas intenções, pois do futuro nem mesmo os deuses sabiam direito. Em tempos pós-medievais Nostradamus profetizou, e muitos dizem que ele acertou quase tudo, mas quase não é tudo. Fiéis dizem que a Bíblia sabe tudo o que foi e será, com precisão numérica, e contam o futuro em seus versículos. Em tempos modernos as previsões tomam formas diferentes, meteorologistas preveem a chuva ou não-chuva, matemáticos preveem as probabilidades, entre outros.

Entretanto, algo nunca mudou e nem mudará quando se trata do futuro: a antecipação. Sentir aquela dúvida quanto ao que vai ou ao que pode acontecer, aquele friozinho na barriga. Formar monólogos e diálogos surreais na cabeça antecipando as possibilidades.

Como, por exemplo, uma pergunta que precisa ser feita, mas é procrastinada pela falta de tempo, e a antecipação toma conta e transforma tudo em nervosismo e introspecção, e falamos: "precisamos conversar", e ouvimos: "conversaremos". E a pergunta pode nunca chegar a ser feita, perguntas não feitas deixam respostas natimortas, aquela criatura que quis nascer e não pode. A antecipação se torna constante.

Antes de produzir algo que sabemos será bom, esperamos que seja mesmo, e antecipamos todas as formas de dar errado, nunca as de dar certo, pois se der certo talvez não tenhamos de lidar com as consequências, ou as consequências sejam agradáveis. Ontem entrevistamos pessoas de garbo, vereadores e advogados, engenheiros e professoras, e eram só três pessoas nisso tudo. Tudo correu bem, desossamos e concretamos. A antecipação se torna alívio.

E pra finalizar um evento de porte internacional, uma cidade mobilizada, 100 mil pessoas num ambiente só com o mesmo espírito e objetivo. Começados os preparativos em dezembro, agora, com roteiro minucioso nada mais falta além de embarcar e voar, e continuar voando um final de semana inteiro. E o que antecipar do Rio de Janeiro? Nada, não há que se antecipar, há que se viver, há que se voar, e saber que o que tiver que acontecer acontecerá, independente de prevermos isso ou não. A antecipação se torna realidade.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Livre Arbítrio


Pergunta - o que é Livre Arbítrio? Respostas - é algo inventado pra fazer as pessoas acreditarem que têm escolha. Ou é uma desculpa criada por alguém para justificar sua própria inação.

Funciona mais ou menos como a clássica frase “Todos são iguais perante a lei”, mas se isso é verdade, porquê quem tem curso superior tem direito a cela especial quando é preso, e porquê políticos têm direito a foro privilegiado? Quer dizer que todos são iguais perante a lei, desde que tenham cursado faculdade, todos são iguais perante a lei desde que tenham sido eleitos por maioria de votos.

O livre arbítrio funciona de uma maneira parecida, você tem o direito de escolher fazer qualquer coisa que quiser, mas se entre essas coisas cometer um pecado que seja, passa a eternidade sendo punido no inferno. Isso parece coisa daqueles ditadores clássicos que pregavam a igualdade de classes, se alguém faz o que o governo quer e obedece sem questionar ganha títulos, medalhas, dinheiro, terras, status; mas se é contra alguma coisa pregada pelo governo, ou mesmo se fala mal do “líder” pelas costas e ele descobre, o sujeito passa vinte anos quebrando pedra nas Sibérias.

Deus também é um ditadorzinho de merda, nada melhor do que Hitler, Stálin, Nero, Saddam, ou qualquer outro. Se você entregar a sua vida a ele, servi-lo sempre, e nunca falar mal dele “pelas costas”, quando os mortos se levantarem e os quatro cavaleiros vierem, você será poupado e passará a eternidade numa vida pacífica e monótona no paraíso, “Ah, depois eu faço isso, eu tenho um cuzilhão* de anos pela frente mesmo.” Mas se você não for bonzinho, não gostar da ditadura dele, ou fizer algumas coisas erradas durante sua vida, você levantará entre os mortos, será julgado e enviado para passar a eternidade sendo punido no lago de fogo.

E se você faz parte do exército que apoia a ditadura, e não gostou do que leu aqui, venha com argumentos e não xingamentos, e nem tente me converter, até por que de boas intenções o inferno está cheio, e tome cuidado, já que qualquer pequeno deslize seu e o teu ditadorzinho de merda pode te mandar para o lago de fogo passar a eternidade comigo e com mais 99% da população mundial, levando em conta que já viveram e morreram uns 13 bilhões de pessoas e vivem atualmente quase 7 bilhões, é bom que o inferno seja bem grande. Ditadorzinho de merda.



*Cuzilhão – Número mais próximo do infinito na matemática.


**Texto antigo e ruim, mas to com preguiça de melhorar.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Funk da Exumação


Eu vou abrir o seu jazigo
Eu vou tirar o seu caixão
Dance agora comigo
No funk da exumação

Se o corpo já ta decomposto
Dá pra tirar tudo os osso
Bota mais um na gaveta
E nem vem fazer careta
Tá virando condomínio
E é tudo do meu domínio

Vai tirando os ossinho
Colocando no saquinho
E deixando de ladinho
Pra enfiar um caixãozinho

Eu vou abrir o seu jazigo
Eu vou tirar o seu caixão
Dance agora comigo
No funk da exumação

Vai coveiro! Vai coveiro!
Vai funerária! Vai funerária!

Esse nosso cemitério
É bem loko é um mistério
Mas os corpo que aqui vem
Nunca volta pra ninguém
Fica muito bem guardado
Até quando for exumado

Vai tirando os ossinho
Colocando no saquinho
E deixando de ladinho
Pra enfiar um caixãozinho

Eu vou abrir o seu jazigo
Eu vou tirar o seu caixão
Dance agora comigo
No funk da exumação

Vai coveiro! Vai coveiro!
Vai funerária! Vai funerária!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Comodismo

A vitória nem sempre é possível, afinal existe mais de um competidor, e pra que um vença outro precisa perder. No entanto, ninguém entra em competição alguma com o objetivo de sair derrotado, e segundo lugar é tão importante quanto último. E não falo apenas de esporte.

Acontece que existe uma mística de tentar valorizar a tentativa, quando o resultado não vem, acho que se um atleta treina a vida inteira não é pensando em ser terceiro colocado, pois quem treina pra ser terceiro acaba em quinto, quem treina pra ser quinto acaba em décimo, e assim por diante.

No domingo assisti a corrida de fórmula 1, que tem melhorado em qualidade nos últimos anos depois de um início de século extremamente desmotivante. Enfim, o sobrinho do Ayrton Senna ocupava a nona colocação, e o famoso narrador insistia pra ele diminuir e não tentar a ultrapassagem no oitavo colocado pra "não arriscar", já que marcar 2 pontos era o suficiente.

Porra! Por que não tentar melhorar? Por que esse comodismo de nono lugar ser suficiente? É falta de vontade de vencer. É necessária uma reformulação nesse modo de pensar, não digo dos brasileiros porque não são todos assim, mas é preciso acreditar que mesmo com as limitações é possível vencer um adversário mais forte. E parar de achar que perder, que ser segundo, é suficiente; pois não é, vencer é suficiente.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Yin Yang

O bem e o mal existem. Mas não é assim tão simples separar um do outro, eles caminham juntos, e absolutamente tudo tem um pouco (ou muito) dos dois, e o equilíbrio entre essas duas forças é o que podemos tentar alcançar.

Falemos de um fim de semana específico: numa sexta-feira bastante interessante, com um jornal que sobra de tão bom que é. No sábado um carro destruído, mas apenas uma mão machucada, equilíbrio. Como House disse: quase morrer não muda nada, morrer muda tudo. Que continuem morrendo os carros se continuarmos apenas nas mãos machucadas.

O URRA! 9 foi ainda melhor do que esperávamos, muitas pessoas, muita diversão, muitas saudades assassinadas, parceiragem na organização, shows memoráveis, e o equilíbrio que buscamos há 7 anos entre rock n'roll e intervenções cênicas e poéticas. Descobri (apesar de já saber) que o mal de se organizar um evento é não ver ele pronto, você o assiste do backstage, da bilheteria, da mesa de som, tudo o que você não é é plateia. E que abertura foi aquela? Fantástica. Mas fiquei devendo uma poesia, faltou musa.

Domingo a noite acho que a mesa virou, Yin Yang desequilibrou, foram duas horas de ___insira um eufemismo___, mas controlamos tudo, no fim acho que vai tudo melhorar, as vezes explosões são necessárias. O importante nessa hora é contar com a brodagem, os amigos nunca abandonam, nunca, e têm pessoas que sabem que podem contar comigo e com outros, logo a gente sai pra tomar um suco e jogar conversa fora.

Na segunda o dia de voltar à rotina, ao fim da tarde de preocupações e caça a informações, uma nova preocupação, e contar com a little help from my friends, o Pedro Lauro do post anterior que me espere mais um dia. Xin Xiang (numa piada mais interna que intestino), e a arte de rir das catástrofes, as vezes penso que sou um hobbit pela descrição do Gandalf. Gastei 430 reais numa porta, sem contar o resto dos prejuízos, mas esses esperamos que o tal seguro cubra, mais triste é ouvir "a Paula Fernandes ficava tão grande na tela".

Quem diz que agosto é mês do desgosto não sobreviveu até setembro. Mas logo tem Blind, e outras coisas, e ainda esse mês entro num avião. Que o Yin Yang equilibra é natural, a vida é feita de extremos, num extremo você vive no outro você morre. O segredo é encontrar o equilíbrio, e saber perceber o bem e o mal em cada detalhe.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Pedro Lauro

Pedro Lauro Domaradzki é uma figura mitológica da noite curitibana. Proprietário do pequeno bar Estação São Pedro, no Alto da XV, o Seu Pedro Lauro é um homem irreverente e cheio de causos pra contar. Viúvo, mantém o bar com a ajuda de seus filhos.

O bar é mais conhecido como “Bar do Pedro Lauro”. Há pouca divulgação, que geralmente é feita no boca-a-boca. Assim, o bar que abre já quando a noite envelhece, passa a madrugada toda lotado, e só fecha com o sol já no céu.

Pedro Lauro está presente todas as noites, sempre com uma disposição de dar inveja na juventude. Dança a noite inteira, convida as mulheres para o bolero e ensina os passos àquelas que ainda não sabem. Para descontrair e assustar os clientes, solta bombinhas dentro e fora do bar, rindo e reforçando que não é um terrorista. O bolo cenográfico tem sua vela acesa todas as vezes que há um aniversariante.

Essas e outras brincadeiras são atrações no bar do irreverente Pedro Lauro. As paredes estão repletas de quadros de bandas, filmes, ossos, teias de aranha e muitas outras bugigangas. Logo na entrada há a “Fonte dos Desejos”, onde as pessoas jogam a tampa da primeira garrafa da noite.

Em todo o bar são encontradas relíquias, como telefones antigo, uma vitrola em pleno funcionamento (o xodó do Seu Pedro Lauro) que toca a noite toda, entre outros.

Pedro Lauro foi deputado federal entre 1972 e 1980 pelo MDB, numa campanha surpreendente, que começou com uma crítica viral realizada nas ruas curitibanas ao então prefeito Jaime Lerner.

Outra figura que está presente todos os dias no bar é o “Seu Madruga”, um senhor de bigode negro que senta sempre na mesma mesa, próxima ao banheiro, cochila em grande parte do tempo e fica responsável por acender a luz todas as vezes que Pedro Lauro deseja trocar o disco. Simpático, permanece ali, como um amigo fiel, até o fechamento do bar.

Além deles, o próprio frequentador do bar do Pedro Lauro pode ser considerado um personagem importante. Em geral, o bar não é o primeiro ponto de parada da noite. Quando muitas baladas estão fechando, o Seu Pedro Lauro está a pleno vapor no bolero, com a clientela ainda chegando. O cliente do Pedro Lauro não tem “frescura”, está disposto a uma boa dose de irreverência e quer virar a noite se divertindo. Ele não viu a propaganda na tv e nem nas revistas especializadas na noite curitibana, mas provavelmente recebeu a indicação de um amigo que esteve lá.

Localizado na Rua Padre Germano Mayer, no Alto da XV, a primeira vista e durante o dia, o bar é um lugar modesto, que não chama a atenção. Talvez seja por isso que muita gente não sabe de sua existência, no entanto, quando aberto, o bar se torna uma grande atração, recebendo as mais diversas pessoas que não querem que a noite acabe. Quem vai uma vez, sempre volta.


com Etiene Mandello

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Nove anos

Apesar do que alguns pensam, não existe geração espontânea, tudo o que nasce provém de algo, e esse algo provém de algo ainda mais antigo. Assim, minha mãe provém dos meus avós.

Nove anos e 2.500 quilômetros nos separam atualmente, eles estão no norte do Mato Grosso e a última vez que vi Euthália Trindade e Pedro Ornellas foi em 2002. Depois que nasci morei com eles boa parte da infância, minha mãe era solteira, e irmã mais nova de 10 irmãos, a criação e apoio que obtivemos dos meus avós foi essencial para tudo no que se seguiu em nossas vidas. Esse mês de agosto tem sido de muito saudosismo pra mim, pois é mês de aniversário de ambos, nove anos é tempo demais sem ver pessoas que estão entre a lista seleta de pessoas que você realmente gosta. Nove anos.

Na última terça-feira, 23, a Dona Euthália fez aniversário, 84 anos se minhas contas estão corretas, e nos últimos meses notícias de familiares de distanciamento reduzido vinham chegando, informando que sua saúde, que já é debilitada há uns 10 anos piorava gravemente. Mas felizmente ela melhorou, minha vó é forte, mais forte do que muitos de nós jamais serão.

No próximo sábado, 27, é a vez do Seu Pedro, que completará 89 anos de vida, mais uma vez caso minhas contas não estejam erradas. Ele tem estado bem de saúde, apesar da quase total cegueira que já o acompanha há tanto tempo. E nada disso o impede de dar umas voltas pelas ruas pra "ver as morenas".

Nos últimos anos, além da distância exagerada, problemas diversos me impediram de voltar ao Mato Grosso para visitá-los. Sei que nada é eterno, e que cedo ou tarde eles vão morrer, e quando isso acontecer será triste, mas que a vida que tiveram valeu a pena e foi gloriosa. Tudo o que eu quero é que isso demore ainda alguns anos pra acontecer, pra que eu possa voltar lá uma vez mais, e sei que são muito fortes os meus avós, e que com certeza eles vão aguentar firmes por mais um bom tempo, pra que no próximo agosto me bata esse saudosismo novamente, mas que sejam apenas alguns meses de distância.

Nove anos é tempo demais.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Na contramão

Fiz o caminho inteiro pedalando na contramão. E quando você pedala na contramão, sem desviar de nenhum carro, aquela expectativa, é como se os faróis daquela luz vermelha de um êxtase macabro fossem olhos, e você os encara insanamente, intensamente. Então aqueles olhos deixam de cumprir sua função de iluminar, e tudo o que querem fazer é se fixar aos seus olhos, como um animal excitado e selvagem pronto a atacar a presa estúpida que caminha em sua direção inocentemente.
A fumaça que sai do escapamento é sua fúria, o barulho do motor é seu rugido, a trepidação do movimento é seu caminhar, e seus olhos são duas esferas luminosas que te fitam. O animal vem na sua direção, cada vez mais próximo, e o guidão insistente não muda de posição, não manobra, a presa estúpida não faz questão de batalhar, os seus olhos não desviam do olhar do animal selvagem à sua frente. Então o motorista do carro puxa o volante e desvia de você.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pesquisa aponta que cachorros preferem despachos sem farofa


Em pesquisa realizada com mais de 3000 cães de várias regiões do Brasil, o Ibope concluiu que a preferência dos animais é pelos despachos que não têm farofa. Cerca de 83% dos animais prefere as macumbas que têm frango no cardápio, mas sem farofa. “Acredito que a farofa prejudique a mastigação dos cachorros” explica o especialista João da Silva.

Despachos de macumba deixados nos cemitérios representam 59% de todos os trabalhos realizados no país, e como mortuários sempre possuem seus cães de estimação, a ênfase da pesquisa foi nos animais de cemitérios comendo as macumbas deixadas nesses locais. No entanto, cachorros de rua também foram ouvidos. “Macumbas nas encruzilhadas não atraem tanto a atenção dos bichos, as de terrenos baldios são mais valorizadas” comenta Silva.

Apesar das divergências de preferência entre os locais de coleta dos trabalhos, a imensa maioria dos cães não come se houver farofa na macumba. “Au au” afirma Piludo, cãozinho do Cemitério Independência. Quando o despacho é feito com frango, ou até mesmo cabeça de bode, os animais se sentem mais a vontade para selecionar os melhores pedaços, e deixar de lado a farofa, mesmo que essa seja com bacon.

O Ibope deve divulgar em breve uma nova pesquisa realizada para descobrir a preferência dos gatos entre as bebidas utilizadas em macumbas.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Mudanças

Não consigo ficar muito tempo fazendo a mesma coisa. Quando tenho um longo caminho a percorrer procuro ir fazendo zigue-zague, se vou a pé faço mais curvas. Acho que a rotina cria monotonia e tudo o que é monótono fica insuportável.

Aí que nasci numa cidade onde só morei por 3 meses, vivi com meus avós no MS um tempo e passei 6 anos da minha infância em Toledo, estou há 11 anos em Araucária. Penso até que posso suportar um bom tempo por aqui ainda, apesar de 11 anos ser muito tempo, e sinto falta de uma mudança mais radical, tipo ir pra Dinamarca, sei lá...

Enfim, fato é que nesse fim de semana que passou ocorreu uma mudança bem intensa. Carreguei geladeira, e outras coisas mais pesadas, deixamos os gatos por uns dias, estragamos um armário, vendi o aparelho de som, tive uma ideia pra revolucionar as cozinhas, e viajei no baú do caminhão baú, fui sem ver o caminho mesmo, cheguei num lugar que eu nem sabia onde era e nem imaginava como fazer pra chegar lá de novo. Mas não importa, o que vale é que aquele troço lá era meu, abrimos o portão e o portão era meu, sujei a porcaria do chão e não só a sujeira era minha como o próprio chão era meu.

Comemos pizza no quintal, no condomínio ao lado um cachorro magérrimo latia, e depois passei uns 10 minutos olhando as estrelas, nos matos assim é melhor de ver as estrelas.

As mudanças não acabam por aí... tem mais por vir, sempre tem mais por vir... afinal não consigo ficar muito tempo fazendo a mesma coisa.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Épico


Trecho do conto 'épico', de minha autoria; que quem sabe um dia publico inteiro por aqui:


E foi grande, apesar de curta, a história da qual fizeram parte, pois que as grandes histórias não devem ser mais do que breves relatos; e grande não pode ser usado aqui como adjetivo de tamanho, mas sim como epíteto, sinônimo de gloriosa. ‘Amaram’: e essa deve ser a maior de todas as histórias.
Foram eternos. Porém a única lição que alguém pode realmente tirar da vida real é que nem a eternidade dura para sempre quando não se tem alguém para aproveitá-la, e quando nada mais houver, nada do que foi importará, pois o mundo só existe porque existe uma humanidade para presenciar a existência do mundo. Rebeca morreu, como tudo que um dia nasce morrerá, como tudo que um dia respira sufocará, como tudo que um dia pensa inspirará, como tudo que um dia se alimenta alimentará. E não foi nada trágico, catastrófico ou épico, pois a vida é infinitamente mais épica, catastrófica e trágica do que a morte.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Três poesias que são duas, e uma só


De você só quero a ti
Se me fuzila com olhar de quem não quer
E me define como algo imutável
De bem pra mal de mal pra bem serei o mesmo
E no entanto a cada instante renovável
Mas o que sentes nem tu sabes de verdade
A minha presença há de ser suficiente
Em outras vezes tua carência é insaciável
De todas elas só você me faz sorrir
Mas já não exijo seu amor ou suas horas
A tua presença há de ser suficiente
Pois de você tudo o que eu quero é você

_____

There shall be no kings
For love has just died
But love was killed before
Or has never even been
For there is nothing to define
Many kings have gone first
A lot of princess with no dad
Love is a walking dead
Who has a crush on hearts
But love will come again
And the kings shall arise
To pick up back those princess
And struggle a little more
For true love never lacked
Only loving disposition

_____
E não haverão reis
Pois acaba de morrer o amor
Mas o amor já morreu antes
Ou nunca chegou a ser
Pois não há o que definir
Quantos reis já nos deixaram
Tantas princesas órfãs
O amor é um zumbi
Que prefere corações
Mas o amor há de voltar
E os reis levantarão
Pra buscar suas princesas
E lutar um pouco mais
Pois que amor nunca faltou
Apenas disposição pra amar



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Escolhas

"Fazer uma escolha implica ter tido opções"

"Tudo são escolhas, tudo o que se passa em nossas vidas é feito de escolhas, e cada escolha que fazemos ou deixamos de fazer nos deixa mais perto daquilo que finalmente somos. Mas o que é finalmente? Quando é o momento derradeiro em que tudo aquilo que somos importa? Não existe um finalmente, o último instante nunca chega, por que mesmo quando deixamos para trás o último momento de nossas vidas e ela deixa de haver, todas as outras coisas continuarão havendo. Frases como “o que fazemos em vida ecoa na eternidade” nos fazem pensar que é possível ser eterno mesmo morrendo, e tudo o que é vivo há de morrer. Como círculos concêntricos formados pelo impacto de uma pedra nas águas de um lago tranquilo, cada mínima escolha que fazemos ecoa na eternidade."

"...na abelha que preferiu aquela corrente de ar e não encontra o parabrisa; no caco de vidro de determinado copo que ficou parado no caminho da criança descalça; na curva à esquerda que se faz por engano e encontra um pedestre distraído; na decisão que se toma em cima da hora de não ir, e sabe-se lá o que pode ter sido perdido."

Ahh essas bifurcações da vida. A necessidade de fazer uma escolha e a falta de tempo até mesmo pra pensar, pesar prós e contras. Acho que em certos casos nem existem prós nem contras, apenas consequências, boas ou ruins. Mas cada mínima escolha que se faz pode ter as consequências mais diversas, e que podem alterar tudo completamente.
E vez por outra você se vê frente a uma dessas bifurcações da vida, com caminhos totalmente distintos a escolher, e não há o que pesar, você vai para um dos lados, sem volta, e sem placas que indiquem o caminho mais seguro. Apenas a escolha.
No entanto, há que se compreender que escolhas fazem parte da vida, escolher é viver, e não deve ser dado muito crédito a escolhas erradas, pois sempre existirão as certas. Também não deve se pensar muito, pois pensando tempo é perdido, e as opções acabam escolhendo por você.
No fim tanto faz, vamos apenas celebrar as bifurcações da vida!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Destruição - partes 5 e 6 de 6

Restava o pó, a massa primordial, a origem de tudo o que há de haver. E havia cada vez mais pó. Pois que havia cada vez menos a ser destruído, e as mãos trabalhavam. Faziam o que lhes cabia fazer, não que fossem mãos destruidoras, apenas mãos que destruíam.
Também criavam, pois que a destruição criava pó.
O fogo crescia o caos dominava, as cabeças pendiam a vida minguava. Talos colunas.
Assim faltava comburente. As mãos agiam mais e mais, e menos para agir restava. Mas a destruição crescia e se propagava.
Enfim o fim.

 ***

E assim chegou o fim. Pois que tudo aquilo que há, há um dia de deixar de haver. E todo o construído destruído será, antes ou depois das destruições.
Eram todas as cinzas de um incêndio qualquer em um dia qualquer, sossegados ou não.
Pois que chegou o fim, o momento em que não houve mais a ser destruído, então tudo era pó, tudo era caos, nada mais vivia, agora todos os lados eram sem vida, todas as cabeças pendiam.
E lá estavam talo e coluna.
E lá estavam pó.

sábado, 23 de julho de 2011

Destruição - parte 4 de 6

Pois que há de ser destruído tudo aquilo que surge. Tarde ou cedo. E então no chão talo e coluna, iniciou-se. O princípio do término. O começo do fim. O once upon a time do the end. O prólogo do epílogo.
A mão começou a destruir os arredores. Era o bater de asas da borboleta. A brisa do furacão.
Assim a destruição se propagava, e crescia, em forma e volume. Eram destruições.
Cada vez mais ao chão, talos colunas. Cabeças de lado, dos dois lados, pois que as coisas perdiam vida. A destruição conhecia mais morto do que vivo, e cada vez mais morto.
E como um incêndio, que quanto mais fogo tem mais fogo cria, a destruição mais destruição trazia. Cada vez mais morto cada vez mais destruído cada vez mais rápido cada vez menos vírgula.
Alastrava-se.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Destruição - parte 3 de 6

O caos destrói. Pois que o caos surgiu junto com a primeira coisa que surgiu, e ele não é consequência dela, seja como for.
A primeira coisa naquele dia, sossegado ou não sossegado, foi o pequeno talo da frágil flor, simultaneamente à gigantesca coluna do Parthenon. Alegorias propagadoras do caos.
Destruição e caos já vinham de muito antes, mas naquele dia começaram o que há de ser a destruição suprema.
Não que suprema seja sagrada, ou propagada por coisas sagradas, apenas é superior, pois que é maior que toda destruição anterior, e maior que toda que possa vir. Ou deverá ser. Nesse caso.
O caos é supremo.

domingo, 17 de julho de 2011

Destruição - parte 2 de 6

A cabeça pendia para o lado sem vida, mas a cabeça ainda vivia. Apenas o lado era morto, costuma-se dividir em dois lados, bem e mal entre outros, a destruição conhece vivo e morto, não há qualquer mérito de índole. Dois lados, a cabeça pendia para um deles, o desprovido de vida, mas ela vivia.
E tanto foi que foi assim que começou, o que há de ser a destruição suprema. Quebrados o talo e a coluna pela mesma mão que destruía.
A mão carregava os objetos causadores do caos, pois que caos e destruição são juntos, parceiros de um só propósito. E era uma mão comum, aliás, era um par de mãos, pronto, mas nem tudo assim será plural, pois que não há destruições.
Começou pequeno e belo e simples. Em um dia sossegado, se é que sossegado há de ser adjetivo para um dia qualquer, desses que passam sem deixar rastros, e quando dorme já nem impregna a memória de sonhos.
Mas aquele dia era, e ser há de ser suficiente, sem adjetivações, pois que o dia existiu, e basta.
E sendo aconteceu, aconteceu que as mãos começaram as destruições naquele dia. Ou a destruição naqueles dias. Foi o acontecimento da existência daquele dia.
Porém, a destruição surge com o surgimento, pois que a primeira coisa que surgiu foi instantaneamente destruída para ser substituída pela segunda coisa que surgiu. A destruição é consequência da própria criação.
E a mão que destruía também criava.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Destruição - parte 1 de 6

Quebrou o pequeno talo da frágil flor, arrancou uma pétala, enfiou na boca, mastigou, e engoliu.
Quebrou a gigantesca coluna do Parthenon, arrancou um bloco, triturou, jogou ao chão.
E voltava tudo ao mesmo pó. À mesma massa da qual um dia saiu. E todas as coisas eram iguais, eram feitas dos mesmos materiais. Portanto, tudo tinha a mesma origem e o mesmo destino, ao menos costumava ser assim...
 - Hei, o que você está fazendo?
 - Estou destruindo!
A simplicidade está na beleza, e a beleza está na simplicidade, formando um círculo vicioso bonito e singelo. O pequeno talo e a gigantesca coluna são a mesma coisa, são iguais. Sustentação; e isso é tudo o que importa, a arte de suportar o insuportável, há que se fazer mais forte, cada vez mais forte.
Acontece que aquela mão destruía.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Alucinações Verborrágicas

Eu escrevo. Escrevo muitas coisas: poesias, contos, ensaios, reportagens, etc. E costumo chamar as coisas que escrevo de alucinações verborrágicas, por isso o nome do blog. Não tenho ilusões de escrever bem, de ser um escritor, ou qualquer coisa parecida. Sei que o que eu escrevo é ruim, e não tenho mesmo pretensão que seja bom, gosto desse estilo.

Não sou muito versado em literatura, mas creio pelo menos que eu tenho um estilo próprio na que eu faço, um estilo ruim, mas que faz questão de ser ruim. Minimalismo, adoro minimalismo, odeio ter que explicar as coisas, e não gosto de dar nomes, tempo ou espaço pras histórias. Também acredito que detalhes demais atrapalham uma boa história.

Acontece que vez por outra alguém me pergunta "por que você não escreve um livro?". Acho que o primeiro motivo é que não tenho paciência, odeio projetos incabados, e não acho que eu escreveria um livro em menos de 5 anos. E depois dos primeiros 4 ou 5 meses eu ia querer terminar logo e me livrar da aflição de uma vez, o que prejudicaria muito a qualidade do projeto.

Segundo motivo é que me pergunto por que diabos de motivos deveria eu escrever um livro? Já não basta todo o lixo pretensamente literário que entope nossas bibliotecas? 90% do que se escreve no mundo não serve pra absolutamente porcaria nenhuma. É apenas uma forma de reafirmar nossa suposta superioridade intelectual em relação aos outros animais através da escrita. É tudo lixo! A maioria dos empreendimentos editoriais tem como objetivo apenas inflar o ego do autor, aquela máxima demagoga que todo homem deve plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.

É claro que quero deixar algo pra posteridade, querendo ou não um livro é uma forma de continuar vivo depois de morto, e sobreviver aos séculos. Me preocupo muito com isso de passar por essa vida e não deixar obra nenhuma, nada de que as pessoas poderão falar "ele fez isso". Porém, não quero que seja qualquer coisa, precisa ter qualidade, precisa ser obra-prima. Não um artigo editorial egocêntrico inútil.