terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dor

A dor adora o ardor
Arder em dor
Toda dor adora arder
Rodar a dor
O ardor da dor adora ser
Adora dor
Adoradora em dor arder

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Insanidade

Se algum dia eu estiver frequentando um psicólogo, peço que me internem com direito a camisa de força, ambulância, enfermeiras de branco e tudo o mais, pois quando isso acontecer terei perdido de fato e definitivamente a minha insanidade.

A insanidade é a doença mais sã de todas, mas nem mesmo chega a ser uma doença, é sim uma forma de adaptar a própria surrealidade à sanidade alheia. Nesse fim de semana devo cometer uma loucura, e nada de se jogar de pontes ou atirar em pessoas no cinema, essa loucura é muito mais prática.

E o sujeito deve se perguntar o que é a insanidade, ou o que é a loucura? Há que se notar que ambas não são a mesma coisa. Mas a pergunta certa é o que é ser normal? E porque alguém quereria o ser. Levo comigo mapas, e isso é tão normal quanto não levar. As pessoas buscam o regular, quando o estranho é tão mais atraente. Ser normal é tão.. normal.

Mas o que me aguarda em São Paulo é sanidade. Sim, a própria, ela mesma e todas as outras, pois que deve haver mais de uma sanidade, como há mais de uma realidade. E devemos nós mesmos construir nossa sanidade ou o que o valha.

A febre é da selva, e a selva é de pedra.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Tratado sobre Plástico Bolha

Adoro camisetas. Tenho mais de quarenta, e minha mais nova aquisição foi uma com a cara do Salvador Dalí... Isso de ser melhor do que alguma coisa nada mais é do que relatividade também. Tudo é relatividade, mas como algumas coisas são só relatividade, ser melhor do que alguém nada mais é.

E com isso, há dias buscava escrever, a freneticidade de dias como esses, merecedores de sorrisos, delimita a inspiração. O que quer que ela seja. Fica toda canalizada em prol do que houve, e convenhamos que o que houve foi praticamente inadjetivável.

Pois que a inspiração não deve ter hora pra surgir, mas com frequência vem dos ônibus, e com um teste marcado, quase deseja-se não passar. A sorte é uma muleta dos incapazes, portanto não a desejem. Não sei se sou melhor do que plástico bolha. Não sei se sou a ralé da elite ou a elite da ralé.

Mas naquela camiseta, Dalí me diz que sou as drogas, e que a inspiração talvez nunca precise ser sintética. Mas que ela deve vir de algum lugar, e elogiada ou não, canalizada em prol do que for, deve ser sempre inadjetivável. E melhor do que nada, tanto quanto melhor do que tudo. Melhor e pior do que plástico bolha.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ao que nos resta!

Decidido está que todos os futuros brindes da minha vida serão em homenagem ao que ainda nos resta, pois que o que perdemos já não faz a menor diferença e não mais importa.

Tudo o que temos implica não termos algo, pra cada escolha feita alguma coisa precisa ser negada. Mas todas elas não as temos mais, e devemos manter nosso foco no que não foi perdido.

Paixões platônicas de ônibus permeiam a vida de todos que usam os coletivos, aquele amor que dura meia hora por dia, e não é necessário iniciar uma conversa porque é melhor não quebrar o encanto, é mais fácil não se decepcionar com aquilo que não conhecemos.

Hoje na Gralha Triste, uma mochila de História com buttons de Matanza e Johnny Cash, eu dormia e não sei se acordei, mas duvido que aquela garota exista de verdade, deve ter existido só durante aqueles breves trinta minutos e ao descer do ônibus deixou de haver.

E o que resta é mais do que o que foi perdido nesse caso, pois que quando não há nada, não há o que se perder, e tudo continua sendo a mesma coisa.

Pessoas vêm e vão, copos sobem e descem, caveirinhas no facebook surgem e desaparecem, meio cheio meio vazio, um meio de tudo no meio do nada. E qual a grande diferença que isso vai fazer quando a memória já não mais se incomodar com o que se foi? Toda dor é momentânea.

Por isso, levantem seus copos, não importa o conteúdo, e brindemos ao que ainda nos resta, pois que o que perdemos... o que perdemos já não faz mais a menor diferença.