Venho escrevendo pequenos textos em prosa poética sobre as minhas paixões. Sobre essa necessidade que tenho de me apaixonar o tempo todo. Esses textos devem eventualmente se aglomerar em um livro ou coisa parecida.
Já há algum tempo digo que paixão é uma força da natureza. É como essas tempestades fora de controle, como as florestas e os mares, o fogo e o ar, a terra e as forças vivas, entidades animalescas dentro de nós. A natureza sempre proporcionou as melhores metáforas, analogias e digressões à literatura. Delas venho fazendo uso.
Mesmo que nada disso seja novidade, se apaixonar também não o é. Vivo minha vida colecionando paixões, como muitos outros assim o fazem. As breves e as intensas, as platônicas e as eternas. Gosto de todas elas, e faço intensidade de todas elas, já disse que não aceito o que não for intenso.
Gosto de transformar toda essa infinidade de paixões em amor, mesmo que já tenhamos versado repetidamente sobre o contínuo mau uso desta palavra. Mas já há muito tempo que não sinto também aquela arrebatadora, a conhecida revoada de borboletas no sistema digestório.
A amplamente divulgada teoria dos seis graus de separação nos deixa em contato próximo com qualquer pessoa do mundo. E Bukowski já dizia que é impossível dizer que se ama alguém, tendo tantos milhões de pessoas no mundo que você provavelmente amaria mais se simplesmente as conhecesse.
Mas todos sabemos que não é tão simples assim. Amor não se pesa, paixão não se mede, não se compara. Não há régua nem balança, ou qualquer forma de equiparação, de dizer que gosta mais de um do que de outro. Gostar é simplesmente gostar. Apaixonar-se é simplesmente se apaixonar. Ao mesmo tempo, é também muito mais do que isso.
Cultivo esses amores. Espalho-os por aí. Vivo todos eles na medida do impossível. Reciprocidade nunca foi necessidade. O importante é sentir, é a única forma de estar vivo. Paixão é uma enorme força da natureza, e eu adoro ter um amor da minha vida em cada esquina.