Desde o início dos tempos, um dos grandes objetivos e utopias da humanidade é prever e saber o que acontecerá no futuro, próximo ou distante. Na Grécia, os oráculos eram como representantes dos deuses na Terra, previam o futuro de acordo com o que esses lhes falavam serem suas intenções, pois do futuro nem mesmo os deuses sabiam direito. Em tempos pós-medievais Nostradamus profetizou, e muitos dizem que ele acertou quase tudo, mas quase não é tudo. Fiéis dizem que a Bíblia sabe tudo o que foi e será, com precisão numérica, e contam o futuro em seus versículos. Em tempos modernos as previsões tomam formas diferentes, meteorologistas preveem a chuva ou não-chuva, matemáticos preveem as probabilidades, entre outros.
Entretanto, algo nunca mudou e nem mudará quando se trata do futuro: a antecipação. Sentir aquela dúvida quanto ao que vai ou ao que pode acontecer, aquele friozinho na barriga. Formar monólogos e diálogos surreais na cabeça antecipando as possibilidades.
Como, por exemplo, uma pergunta que precisa ser feita, mas é procrastinada pela falta de tempo, e a antecipação toma conta e transforma tudo em nervosismo e introspecção, e falamos: "precisamos conversar", e ouvimos: "conversaremos". E a pergunta pode nunca chegar a ser feita, perguntas não feitas deixam respostas natimortas, aquela criatura que quis nascer e não pode. A antecipação se torna constante.
Antes de produzir algo que sabemos será bom, esperamos que seja mesmo, e antecipamos todas as formas de dar errado, nunca as de dar certo, pois se der certo talvez não tenhamos de lidar com as consequências, ou as consequências sejam agradáveis. Ontem entrevistamos pessoas de garbo, vereadores e advogados, engenheiros e professoras, e eram só três pessoas nisso tudo. Tudo correu bem, desossamos e concretamos. A antecipação se torna alívio.
E pra finalizar um evento de porte internacional, uma cidade mobilizada, 100 mil pessoas num ambiente só com o mesmo espírito e objetivo. Começados os preparativos em dezembro, agora, com roteiro minucioso nada mais falta além de embarcar e voar, e continuar voando um final de semana inteiro. E o que antecipar do Rio de Janeiro? Nada, não há que se antecipar, há que se viver, há que se voar, e saber que o que tiver que acontecer acontecerá, independente de prevermos isso ou não. A antecipação se torna realidade.