quinta-feira, 28 de março de 2013

Storytelling

I always liked learning and discovering things I've never had before. To learn the english language was a kind of opportunity that just made itself. As idle times pass by, you always gather something new. You can learn even with nothing.

Some people may believe in fate, I do believe in choices. Destiny is nothing more than a construction of every little choice you make, just put together. Every little choice opens up the opportunity of other choices, creates new ones. Every road that splits in two, has two more roads to be splitted when time comes.

Storytelling may be the art of telling stories, and may seem obvious as it is, but to tell stories is an art, and this is not obvious. No story has ever told itself, stories are made out of people who tell stories. It is, also, one of the things that I like to do the most, and being part of the stories you are telling is even better. People are made out of stories.

Sent later the due application, got late to the test, hasn't had a pen... All of this, put aside, when that plane arrived, and those 19 people left it. Fate may have worked to make those amazing ten days happens. To make then what they were, but choices made it before. The choices of telling stories about fate...

And so has come to an end the best partnership ever... until september.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Caveiras

No final das contas todo mundo é caveira mesmo. Não faz assim tanta diferença quando a pele já está decomposta e apodrecendo. Para os vermes, somos todos a mesma coisa, apenas matéria sobre matéria que por algum motivo banal, de uma fagulha acesa lá na sopa primordial, resolveu sintetizar RNA, e hoje respira.

Então aparecem os dentes, compostos calcificados e duros que demoram bem mais a se deteriorar. E lá está a caveira rindo para você, de todas as suas desgraças, mas mais ainda das desgraças dela própria, que por si só é uma graça. Pois que ela é a própria representante da benção dos homens, aquilo que foi renegado aos firstborn, o final absoluto e supremo a que todos chegam.

É engraçado como a maioria das pessoas pensa que é feliz. Feliz de quem sabe que é infeliz. A grande maioria das pessoas não chega nem minimamente perto de ser minimamente feliz. Mas elas pensam que são. E agem como se fossem, e fazem os outros à sua volta agirem como se todos fossem felizes. Mas você pode ver isso nos olhos delas. Não a tristeza, pois que essa é uma magia de poucos e belos, e uma das coisas mais lindas que existe. Mas sim a pura e serena infelicidade, ou, deveras óbvio decompor o substantivo: a ausência de felicidade.

E então coloque as pessoas sob pressão. Elas demonstrarão ainda mais essa ilusão, sentirão todo o pesar da grande mentira que vivem sem perceberem. E por vezes elas até percebem, mas é muito mais bonito continuar se enganando. Mas é tudo passageiro, e elas sempre darão um nome relativista à situação, e claro, a culpa será de agentes externos, nunca de suas próprias caveiras. Mas isso não muda o fato de que elas definitivamente não são felizes.

E assim, todas as caveiras infelizes se passam por felizes a todo o tempo. Todos aqueles dentes à mostra escondiam muita coisa. E elas não conseguem entender, ou não querem entender, o fato. No dia seguinte, continuam com os assuntos interrompidos, com o curso de suas vidas, com as caveiras sorridentes, até que no fim sejam só caveiras e dentes.

sábado, 9 de março de 2013

Prédios

Abriu a janela lentamente. Dezessete andares de queda livre o observavam de baixo para cima, tal qual o maldito abismo de Nietzsche. Mas o abismo nunca olha de volta porque você olhou primeiro, ele na verdade não se importa minimamente com quem olha ou deixa de olhar pra ele. A visão que tinha diante de si estava, além de tudo, presa às leis de Newton, ela caía, sentia a gravidade. A gravidade que nos prende ao que nos importa, que deixa perto de nós todas as coisas. Mas é ela também que torna aquele abismo de tão intenso. É Isaac Newton que faz com que Friedrich Nietzsche seja tão perigoso... 

Adorava janelas. Tinha uma leve queda por prédios. Janelas são o ápice da liberdade, por onde todas as coisas podem passar, entrar e sair, sem condições ou obrigações, por onde voam aqueles que estão presos ao céu. Ficou observando por longas horas, mas que pareceram minutos, tinha de lá uma bela vista, que começava no céu e descia à cidade, atingindo o chão. 

E é no chão que está a base de todas as coisas, mesmo tudo o que voa esteve um dia no chão quando nascido. Tudo o que está preso ao céu, está também fatalmente e primeiramente preso ao chão. Lá estão as estruturas que permitem a existência desses dezessete andares, é novamente o céu preso ao chão. 

Afastou-se lentamente da janela, mas a manteve aberta, deixando passar por aquele retângulo toda a liberdade existente. Sentou-se no chão do apartamento, um chão construído no próprio céu, por aquelas mesmas bases. 

Pegou um bloco de liberdade na mão e o depôs sobre outro, começou então a preparar uma pilha de liberdades. O céu continuava passando pela janela lá fora, e no céu o tempo deve passar mais devagar. Pássaros são os principais e mais belos viajantes no tempo que existem. 

A pilha de blocos estava cada vez maior, então ele puxou o bloco que sustentava a base, e deixou que todas aquelas liberdades caíssem. Elas desmoronavam uma a uma, ocupando os espaços que lhes cabiam em sua nova configuração existencial. Desciam em câmera lenta, não, lentamente mesmo, mais devagar do que a gravidade as puxava, mais devagar que o próprio tempo, mesmo no céu. 

Pois então caindo, ele assim poderia diminuir a velocidade do tempo... Ao menos era o que parecia. Voltou a se encaminhar para a janela, observar mais um pouco. Percebeu então que construíra e destruíra suas próprias liberdades, e que podia agora construir e destruir o seu próprio tempo. Dezessete andares. Quão devagar passaria o tempo ao longo de dezessete andares? Juntou novamente suas liberdades. Janelas são, reafirmamos, o ápice da liberdade. 

Era um mundo intenso aquele. Vivia regurgitando vidas. Usava blocos para tudo, eram dezessete andares de blocos. Entre os espaços ocupados do mundo, permeava-se o vazio de solidão. E sabe-se que há muito mais espaço vazio do que ocupado no universo. Ou talvez os espaços vazios estejam de fato ocupados de vazio, pois um buraco está sempre cheio de vazio. De qualquer forma, era muita solidão. 

Por isso, ele construía o seu próprio mundo, se utilizando daqueles blocos, das liberdades, do seu tempo, um mundo de fantasias, mas que eram por muitas vezes mais reais do que a realidade em si. Mas ele olhava pela janela, observava o céu, e via o seu próprio tempo passar. Pelo seu mundo. 

Uma ave então passou zunindo, bem próxima, cruzando o tempo. Uma fantasia ela também, uma solidão, um espectro alado de solidão viajando no tempo. Pulou. Dezessete andares, e que passaram muito lentamente. Teve tempo de observar cada centímetro e cada segundo da queda, o tempo passava bem devagar. Visualizou todo o mundo que havia construído, as bases, e vivenciou todo o espaço vazio de solidão que existia no universo daquela queda. 

Então, em determinado momento da lenta queda, o tempo parou, e assim a queda também. Ficou estático em pleno ar por um mísero instante, e, logo depois, viajou no tempo. Passou por uma espécie de vista virtual de si mesmo, teve uma projeção astral e se viu viajando no tempo. Subindo novamente, dezessete andares de ascenção dessa vez. 

Viajar no tempo é um mundo de fantasias também, de solidão e de liberdade. Viaja-se sozinho, mas é a melhor viagem possível. Destrói-se blocos, e os reconstrói de outra forma. Passa-se sozinho por todas as eras, por todas as coisas, sem a companhia nem mesmo do mundo real. Viaja-se de fantasia. 

Parou novamente na janela. E novamente pulou. Dessa vez, sem viagens no tempo.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Quero Morrer numa Festa

Odeio essa inquietude e essa angústia, porém não consigo viver sem elas. Acho que é assim que as pessoas são, odiando o que são e o que fazem, mas nunca se livrando disso, porque se livrar disso seria se livrar delas mesmas, e tenho a impressão que isso ninguém quer, ao menos não conscientemente.

O câncer talvez seja a melhor das doenças, pois ele faz com que as pessoas se livrem delas mesmas. O amor é como um câncer, uma deformação nas células, uma mutação, que faz com que elas se multipliquem descontroladamente. O amor talvez seja a melhor das doenças. Ele faz com que as pessoas se livrem delas mesmas, criando universos paralelos de mundos fantásticos, onde a tendência de tudo é dar certo. Repito, tendência.

Mas a paixão platônica talvez seja uma doença ainda pior, ou melhor dependendo do ponto de vista, pois para ela não há remédio. Pensamento polifásico é placebo, projeção do sentimento adquirido na musa é placebo, a própria imaginação é placebo. Mas lindas mesmo são as paixões platônicas que duram algumas horas apenas. Dentro do ônibus as vezes, uma vez por dia. Ou numa festa.

Cachorros de rua estão sempre em festas. Conglomerados de selvageria em meio à selva urbana de civilidade. Agora, quem saberá dizer qual animal é o mais selvagem? Se você levar um cachorro de rua para casa, tratar, dar banho e alimento, cuidar com carinho; não importa, ele vai pular o portão e fugir, cheirar cus por aí e rolar na terra, e por fim pegar sarna. É o que eles fazem, e é o que nós fazemos. Uma vez cachorro de rua, para sempre cachorro de rua.

Na rua também há câncer, e talvez também haja amor... Talvez o próprio câncer ame. Oras, por que não? Talvez ele sinta uma espécie de amor autodestrutivo pelas células que ele mesmo cria, talvez ele até faça isso porque ama demais. Porque, afinal, o amor é de fato uma das melhores doenças. E é também autodestrutivo.

Meu colchão melhorou, o emprego melhorou. Mas melhorar nada mais é do que apenas ficar menos pior. Quem sabe se assim o amor também melhore, ou despiore. E também essa paixão platônica de festa, com uma pitada de câncer. Por isso tudo quero morrer cachorro de rua. Quero morrer numa festa.