Respostas para suposições existencialistas são, desde sempre, a busca suprema, o Santo Graal, o Shangri-La de grande parte daqueles que já caminharam sobre essa Terra, que andaram por esse planeta comparativamente minúsculo em um gigantesco universo. Suponhamos que o de onde viemos e o para onde vamos tenham sua resposta na simples complexidade e na complexa simplicidade do próprio universo! Suponhamos...
O universo teria surgido de uma explosão. É no que, hoje, se acredita; é o que, hoje, se aceita. A partir da explosão, nos momentos seguintes, nos bilhões de anos que se seguiram, tudo surgiu. A princípio apenas as moléculas de hidrogênio se reagrupando e gerando novas ligações químicas. Logo, com a explosão das estrelas primordiais, elementos mais pesados e complexos, gerando planetas e tudo o mais. Dizer que somos poeira estelar não é poesia, não é romantismo exagerado. É o que somos, talvez seja o de onde viemos.
Houve uma ordem lógica nos acontecimentos: o surgimento da vida (como a conhecemos) não seria possível sem a explosão das primeiras estrelas, sem as primeiras supernovas. As estrelas surgiram, elas explodiram; novas estrelas surgiram, e essas também explodiram. Na terceira geração, surgiu o Sol. Girando em torno dele alguns planetas tímidos. Em um desses planetas, eventualmente a vida.
Essa nasce, até onde se sabe, de uma maneira aparentemente aleatória. Uma proteína entra em ligação química com uma molécula de RNA, o ácido ribonucleico. A molécula que se origina, ainda extremamente rara, acaba encontrando moléculas semelhantes a ela, originadas da junção de outras proteínas com outros RNA's. Elas se juntam e formam aglomerados, que começam a se fechar em uma espécie de célula primitiva. A célula se rompe e as duas metades conseguem se replicar e formar duas novas células a partir da informação armazenada em seus RNA's. Pronto, está surgida a primeira célula auto-replicante, e, por consequência lógica, a primeira forma de vida. Daí por diante é só evolução.
Não há porque não acreditar na possibilidade desse ser um padrão de comportamento do universo repetido à exaustão em outros sistemas estelares. Ignoremos o fato de ser a vida como conhecemos a única vida que conhecemos, talvez sejam assim todas as vidas no cosmo. Assim, toda vida surgiria da sequência estrela > planetas > vida. Tudo o que é preciso é um planeta a uma determinada distância de sua estrela-mãe, não longe e nem perto o suficiente para que a sua água não seja líquida.
Não há, então, porque não acreditar que seja essa a única forma pela qual a vida pode surgir, que seja essa a sequência óbvia da origem da existência, que seja essa a evolução natural do universo. O universo surge e gera estrelas, elas geram planetas e eles geram a vida. O universo gera a vida. Ele quer a vida. Ele sabe que a vida surgirá através dessa lógica sequência de acontecimentos. O universo é auto consciente. E as coisas vivas é que são a consciência do universo. Nós somos a forma dele olhar para si mesmo e se perguntar de onde veio e para onde vai.
Nessa evolução natural do universo de modo a gerar a vida, qual seria o próximo passo da vida como conhecemos? As estrelas. Em um círculo de criação e destruição, de ordem e caos. Nós nos tornaremos as estrelas, e as estrelas são criaturas vivas. Para acreditar nessa perspectiva talvez seja necessário aceitar nosso corpo como um simples invólucro que resguarda uma coisa interior imortal, uma essência que evoluiria em suas experimentações da vida como conhecemos, até o ponto de se tornar uma criatura senciente tão evoluída e superior que é capaz até mesmo de emanar luz.
E talvez essa seja a simples e complexa evolução natural do universo, essa criatura senciente da qual nós acabaremos nos tornando parte cada vez maior. Essa criatura que nos quer e nos deseja, e nos criou para olharmos para si próprio e conjecturarmos de onde viemos e para onde vamos. Oras, viemos dele e para ele iremos. Somos ele e ele seremos.