sexta-feira, 23 de março de 2012

Crônica Matogrossense


Aproveita-se o céu como possível, não que sejam asas aqueles que chamam flaps, as asas nem mesmo batem, e designa-se em inglês um nome que nem sequer caracteriza o etéreo sonho de voar, wings não seria mais nem menos apropriado, visto que é mecânico, não se necessitam penas, mas sim parafusos.

Mania essa de imitar a natureza, aclamada simetria e perfeição, nada mais natural que não ser natural, até os cheiros e gostos são sintéticos, não que a batida de amendoim não seja feita com amendoim, mas que atrativos carregaria ela sem os corantes e aromatizantes artificiais com nomes de compostos químicos.

Em meio à selva amazônica produzimos água artificial, com o intuito de encher ainda mais a cheia dos rios, e artificial aqui é o depósito, não o depositado, mas tudo o que é artificial é feito de coisas naturais, até mesmo pessoa, barragem, usina e energia.

Como surge um provérbio, interrogação, talvez uma coisa só visto a vida que todas as coisas, naturais ou não, carregam, e voam com o vento, sem bater asas, a própria vida assim o faz, talvez um neologismo recorrente, ou uma frase qualquer pronunciada a esmo e propagada a mesmo, quase sem querer, relógio atrasado não adianta, e gatos são autolimpantes, tais quais os fogões modernos, lamberiam eles seus pêlos internos, imitações da natureza, interrogação.

Tendéu.

O Lopes diria ou faria qualquer coisa sobre qualquer assunto ou situação, e quem será Lopes se não a figura mais mitológica do tempo mais moderno, fumando pó de serra, visto que o fogo pega mais rápido, açudealagamentoigarapé, ou o nome que se dê, pois o nome é só o signo a designar o físico, ou o abstrato mesmo, Lopes poderia se chamar Flaps, e os flaps serem conhecidos como lopes, um bom português.

Rodamos tampas como há vinte anos fazíamos nas madrugadas, visitamos os pampas, que aqui não se chamam pampas, desígnio geográfico, geológico, ou regionalista, terras matogrossenses, com quantos 'esses' lhe for possível pronunciar, Teles Pires, e um pôr-do-sol com quanta chuva as nuvens podem carregar.

Andorinha toma banho nas nuvens, seriam essas as mesmas nuvens do sul, apenas compostos hidrostáticos, todas as nuvens são a mesma e uma só, essa maldita mania de conturbação, e um dilema prosaico ainda permanente, águas tranquilas ou turbulentas, com quantos relâmpagos lhe forem necessários, sempre preferi raios aos não-raios, e mares e marés aos rios e cheias, afamados dez anos a mil.

Tendéu.

Uma folha desce, sobe, com a corrente, desce rio abaixo, sobe norte acima, rumo ao que um dia será amazonas, semi-oceano, a folha desgarrada de seu galho ainda carrega a vida de que todas as coisas naturais são providas, o que é uma folha na correnteza se não um objeto a esmo e a mesmo sem vontade, mesmo que sua vontade primêva tenha sido se lançar ao rio.

Assim, na correnteza dos anos, aquele nomeado e conhecido por Piazon me conta sobre como conheceu Curityba, mas qual Coritiba teria ele visitado, me ensina a andar por Core-Etuba e chegar à casa de sua prole, e quem vai aproveitando o céu volta sobre rodas, visto que quase explodiu sua cabeça, a ele reservemos a pinguinha do não-aeroporto, pois que as coisas com mais frequência são não do que sim.

As cidades eram pequenas, e os mundos imensos, hoje os mundos são pequenos, imensas são as cidades, os tempos devem ser vividos por aqueles que vivem seus tempos, antes agora e depois, viver os tempos alheios não salva ninguém, mesmo ficando eu volto, um saudosista realizado, aproveitar o céu uma vez mais, viver pra sempre mesmo morrendo, presente embora ausente, pois que a presença ou a vivência só podem ser físicas e abstratas, tais quais seus nomes.

Tendéu.

Você não tem medo de morrer, interrogação, não, eu tenho medo de não viver, exclamação, sessenta e três anos a seis mil e trezentos, e Pedro e Euthália vivem, assim, batendo asas, naturalmente, neologisticamente, mitologicamente, na correnteza, sim e não, tendéu, enfim e pra sempre, ou mais, muito mais.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Vaga-lúmens

‎- Será que dá pra fotografar os vaga-lúmens?
- Com uma boa câmera, e abertura de lente e tudo mais, talvez dê.
- Vou tentar com essa mesmo.
- Mas desliga o flash, ele tá perturbando os bichinhos.
- Sem flash não vejo eles, só aparecem dois pontinhos luminosos no fundo preto.
- Então tira foto das estrelas e diz que é vaga-lúmen, que no fim é a mesma coisa.
- São diferentes.
*flash*
- Mas dá pra enganar as pessoas, dizendo que na foto dos vaga-lúmens são estrelas, e que a das estrelas são vaga-lúmens.
- Mas quem me garante que aqueles não são mesmo os vaga-lúmens, e essas aqui embaixo as estrelas? As coisas só tem os nomes que damos a elas.
- Você sabia que boa parte das estrelas que nós vemos já nem existem mais?
- Se você apagar a luz vai dar pra ver melhor os vaga-lúmens no quintal lá atrás.
- Eu prefiro olhar os vaga-lúmens lá de cima.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Peixes

O deputado Luiz Sérgio de Oliveira foi destituído de seu cargo de Ministro da Pesca e Aquicultura nessa quarta-feira de meio de semana. O parlamentar do PT-RJ deve voltar à Câmara dos Deputados para recuperar o posto ao qual foi eleito.

A mudança não tem o mesmo caráter polêmico de outras destituições ministeriais recentes. Isso se dá pelo fato do novo ministro na pasta ser o senador Marcelo Crivella do PRB do Rio de Janeiro.

De acordo com nota oficial da Secretaria de Imprensa da Presidência, a troca tem em vista interesses estruturais, já que a escolha de Crivella passa pelo seu passado como pastor da Igreja Universal. “Temos confiança no trabalho do senador, como representante de Jesus na Terra sabemos que pode repetir o milagre da multiplicação dos peixes”, informa a nota.

Caso esse milagre venha a acontecer o país pode ter um valoroso aumento na produção da piscicultura, já que os pescadores não mais precisariam se preocupar com a piracema.

O ex-ministro Oliveira ainda acrescentou que a habilidade de caminhar sobre as águas do atual ministro será bem mais útil para a pasta que seu bigode estiloso de pescador.