segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sobre meu couro rasgado e a aleatoriedade

Hoje acordei com "...heaven holds a place for those who pray...", trecho daqueles Bastião de Liverpool. Nossa oração é feita de dança, nosso altar é errado, tudo por aqui é errado.

Quando fiz minha primeira tatuagem, meu amigo Tikumzão o Monstro do Mal disse sabiamente "agora deus gosta um pouquinho menos de você". Bem, nunca fiz tanta questão que ele gostasse de mim, e agora com meu couro rasgado pela terceira vez, e sangue escorrendo pela perna, ouvi do cara que é um dos maiores tatuadores do Brasil "parabéns véio, você tem três tatuagens muito foda". Aí que dizem que tatuagem em número ímpar dá azar. Viver dá azar, e acho que deus não se importa muito com isso.

A aleatoriedade não está presente na teoria dos seis graus de separação, reduzida para dois quando o microcosmo é Araucária, o mais assustador é o meio de ligação. E com pomada cicatrizante e camisa de gente saudável, fomos praticar a aleatoriedade em níveis ainda inexplorados. E o que fazer quando chovem pombas mortas? Rodinha punk carnavalesca, moshpit é a solução pra qualquer coisa. Consegui convencer mas alguém de que sou coveiro. De novo, acho que deus não se importa muito com isso.

Talvez deus seja a própria aleatoriedade, o que chamam de destino brincando de guiar as coisas e fazer com que os caminhos se cruzem, ou se cruzem de novo, mesmo que isso não faça qualquer sentido. E acho que a real beleza das coisas surge quando elas não fazem sentido. Me perguntaram o que significava aquele dezessete, "apenas um número que escolhemos". Afinal, se deus for a aleatoriedade, talvez esse número no meu gato no meu couro rasgado seja um deus.

Ouvi dois "obrigado" ontem, pelo simples fato de querer brincar um pouquinho e dizer que a vida é agora, citando ou não os Bastião de New Jersey. Talvez isso seja uma coisa boa. O pré-carnaval no Largo da Ordem é a sucursal do inferno, e o próprio deus aparece lá pra se divertir um pouquinho.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Horas


O que seria de nós
Criaturas tão cronológicas
Se as horas também se atrasassem
E perdessem seus compromissos?

O que seria de nós
Se um horário fosse marcado
Mas as horas nunca viessem
Ou chegassem muito depois

Imagine estar esperando
E o próprio tempo não vir
O horário não mais chegar
No minuto determinado

Quisera o tempo passar
Que seja sempre sincero
E nunca se percam as horas
Estejam sempre no horário

sábado, 21 de janeiro de 2012

Eu tenho uma teoria!

Eu tenho uma teoria! Tenho teorias pra tudo, gosto de explicar e desvendar o mundo da minha maneira, e com frequência divago por horas em teorias que acabo não escrevendo e/ou não concretizando.

Gosto também de divagar coletivamente, com o Pedro por exemplo (o cara da boina que não tem boina), criamos juntos a teoria do Quarto Branco há tantos anos, e ela quase se tornou real. Ultimamente meu grande parceiro da teorética tem sido o Cleverson (http://domquixotearirsozinho.wordpress.com/), recentemente 'criamos' juntos a teoria do Conhecimento Cíclico e a do Isolamento Progressivo, extensas demais pro momento.

Agora temos trabalhado numa nova teoria sobre a relação das pessoas com a faculdade. Ao deixar o ensino médio, algumas pessoas não levam consigo aquelas que chamamos 'amizades de colégio', são as pessoas que não possuem amigos fora da escola. Essa situação segue na faculdade, tiramos a conclusão que a maioria das pessoas que ingressa em um curso superior não tem amigos fora da faculdade, por esse motivo se apoia e se apega muito mais aos novos amigos que conhece na universidade.

E esse fenômeno não se observa somente no quesito amizades. Para muitos, a faculdade é uma válvula de escape em que as pessoas ingressam não para estudar, mas apenas para socializar. E é lá que elas aprendem a beber, fazer orgia e fumar maconha, porque acham que isso é necessário e parte integrante do curso, como uma disciplina extra.

Mais do que isso, as pessoas têm o costume de se vangloriar disso fora da faculdade como se fosse mérito, porém não praticar isso fora da faculdade, pois aquele é que é o local específico para tal 'liberdade'. E entendemos que precisam disso do mesmo modo como se precisassem respirar, porque quando se formarem ficarão sem ar.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Sangre

En los abismos de los años transcurridos
Me quedé a vivir peligrosamente
La sangre no me basta
La muerte no me vence

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Cinema

Um hobby é uma atividade de interesse de determinada pessoa, que se pratica nas horas vagas. Nas férias existem um pouco de horas vagas pra assistir alguns filmes. Cinema já foi um grande hobby, agora tem se tornado cada vez mais uma atividade séria. Não só uso as férias para assistir filmes, como também para fazer filmes.

O cinema talvez seja a mais completa das formas de manifestação artística: a literatura é o roteiro; o teatro é a atuação; a pintura e a fotografia são a cinematografia, o enquadramento e a escolha de planos; a escultura e a arquitetura podem ser o cenário; e a música é a trilha sonora. Uma coisa que reúne todas as outras coisas. É também a mais recente a ter surgido, com o que é considerado o primeiro filme da história sendo produzido em 1902.

No entanto, o cinema há muito deixou de ser apenas arte, passando ao longo do século XX ao patamar de indústria e de comércio. Isso no caso do cinema produzido em grande escala, visa-se o lucro, pois sem dinheiro não se produz mais. Em pequena escala ainda se produz cinema como arte, de forma independente, com diretores desbravadores, sem apoio, no quintal de casa; filmes que raramente ascendem a um grande público.

Uma das principais características de um hobby é o fato de não ser profissão. Uma das principais características da arte é ser marginal. O que fazer quando um dos principais objetivos passa a ser transformar um hobby em profissão, e usar dessa profissão para produzir arte? Acho que começa por saber que não será fácil, mas não desistir de tentar.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Sobre escrever e a vida que se leva

Acho mesmo que melhoramos o nosso estilo de escrita com o tempo. É interessante olhar aqueles velhos manuscritos da adolescência, e ver como as coisas mudaram. E não só na literatura que se produz, mas na vida como um todo, pois sempre que se escreve, se escreve sobre algo, e em boa parte das vezes sobre algo que se vive.

Essa semana que passou, a última do afamado 2011, comecei a recuperar uma história antiga, 2006 ou o que o valha, sobre uma super heroína. A ideia é reescrever, melhorar, e aumentar, com novos personagens e novas batalhas, e novas vidas pra mesma vida. O resultado tem sido bem produtivo.

Ontem debatíamos as opiniões sobre a virada enquanto estouravam os fogos. E dez minutos depois da meia-noite estávamos num ônibus com um motorista alegre que buzinava pra todo mundo, e uma sidra de vômito. Depois conversamos sobre estratégias de como matar pessoas sem ser pego, e viagem no tempo, e muito mais madrugada a dentro.

Foi um réveillon da depressão. Tem sido uma época assim, não que 2011 tenha sido ruim, longe disso, mas 2012 começou com decepções ainda em 2011, com vários planos que não deram certo. Mas no fim deu tudo certo, e chegamos à conclusão que andar de madrugada em Araucária é ir do posto à farmácia e vice-versa infinitamente.

E é sobre isso que se escreve, sobre a vida que se leva, sobre uma super heroína. Sobre o que se refaz, para tentar melhorar, e aumentar, com novos personagens e novas batalhas; na história antiga, e na própria vida. Viva o primeiro post de 2012.