quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Foxy Lady

You know you are a cute little heart breaker. Saltitando pela sala de madeira improvisada, ocupando os espaços entre frestas, entre farpas. Com um cheiro de madeira nova que sobe ao ar, e a observação do seu olhar descobridor vagando austero entre mesas.

I won't do you no harm. Se aproxima de tantos quantos, e direciona uma ou outra pergunta um tanto detalhista. Conquistando as respostas por mero merecimento. Mérito incontestável de uma busca incondicional, de fatores tão distintos. O recinto todo gira. Gira em torno de seus maxilares desconexos, que assim mesmo balbuciam verbetes decididos.

You make me wanna get up and-a scream. Mas eu me comporto como antes, nada muda. Em meio à multidão de almas inquietas, em estado de espera. Em estado de aguardo. E eu a guardo entre memórias em espera. A vivência nada física de um concreto tão abstrato.

Foxy. Foxy. Saltitando pela sala de madeira improvisada.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Crônicas de uma Gata Solitária

As coisas tinham muito mais cor quando Dorothy estava no mundo mágico de Oz. Lá, os tornados levavam as pessoas para viagens mágicas por mundos de criaturas que se preocupam com o que os outros sentem ou deixam de sentir. Por mundos onde as escolhas que fazemos geralmente nos levam a caminhos gloriosos, de estradas também coloridas, de destinos fantásticos.

Mas Dorothy voltou de Oz, acordou para um mundo cruel e sem tantas cores, em tons de cinza, onde a poeira se acumula e não faz questão nunca de dispersar. As coisas mantém seus lugares como previamente determinados, em instâncias das quais nem mesmo elas lembram.

Agora, Dorothy está sentada diante da porta. Observa o mundo lá fora, analisa as luzes e sombras que bailam sob o vento, farfalhando folhas que ela não vê, pois que vê apenas os movimentos das sombras projetadas no chão de concreto duro e frio. Ela avalia os perigos desse mundo cinza, e as lembranças do mundo colorido, e decide permanecer. A inércia age sobre Dorothy, e ela apenas observa...

Pois Dorothy espera o retorno do Homem de Lata, do Espantalho e do Leão Covarde. Ela grita por todos os cantos, clama pela presença deles. Procura, sente suas presenças, e sente ainda mais suas ausências. Dorothy dorme, e durante o sono a memória não martiriza. As lembranças de mundos coloridos não aparecem para ela, a não ser em sonhos conturbados, os quais ela felizmente se esquece quando de olhos abertos.

Então Dorothy fica lá, por vezes sozinha, por vezes na dela, por vezes gritando sua dor para o mundo. Observando e esperando, quem sabe, pelo tornado que virá tirá-la novamente desse mundo sem sal, sem cores, e trazer de volta as saudades de um mundo mágico de cores e criaturas fantásticas.