sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

You Say

You say you wanna seize the world
Look at this craven heart
Lurking on the ashes of ancient fires
I wish I saw your smile before
You say you wanna ride the wind
Break through all the frontiers
You say you wanna go
Look at this smirking face
Laughing at its own sorrow
For sorrow is joy and joy is forbade
You say you wanna put guns upon faces
And share this joy
Joyrrow my joy lies in sorrow
Look at this long lost soul
It won't last long no more
Seize the day ride the wind
Don't look back release yourself
Leave this prick to its own self
Go straight and do as you want

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Obituário

A melhor oportunidade que um sujeito pode ter de reunir ao mesmo tempo todas as pessoas importantes de sua vida, ele só terá em seu próprio velório. Mesmo outros eventos demarcadores de datas e passagens que são tão importantes quanto, como batismos, formaturas, casamentos e despedidas, não reunirão a mesma quantidade de pessoas representativas em nossa existência. O máximo só será atingido no dia de nosso velório.

Bebemos a vida em tragos largos, e toda vida é gloriosa por essência. Um bebê chora. Mas não lamenta a morte, ele nem mesmo entende. Ainda vai levar alguns anos para que o conceito de saudade ganhe em sua mente a companhia da inevitabilidade da nunca satisfação dessas saudades. Quem morre, morre uma vez só. Quem vive, vive sempre. É um bebê que chora, é o início de uma vida presente no momento do fim de outra. Os dois opostos mais perfeitos.

Todo mundo tem uma história. Todo mundo tem aquelas pessoas representativas em sua existência, que foi agregando ao longo dos batismos, formaturas, casamentos e despedidas da vida vivida. Queremos saber quem você foi, e o que você fez. Quero saber o que têm a dizer toda essa enorme quantidade de pessoas que frequenta o seu velório. O seu, o meu, o nosso velório. O velório de todo mundo que há ainda de morrer.

Talvez por isso mesmo, e visto que toda vida é gloriosa por essência, buscamos celebrar a vida vivida, em lugar de apenas lamentar a morte sofrida. Somos vidas celebrando vidas. Até que seja o nosso próprio velório, as nossas próprias pessoas, e o nosso próprio bebê chorando. Ainda que, inocente ele também das vidas e da morte que tem a sua frente, ele nem chore, e esteja também celebrando. E então, quem foi você?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Reparar


Reparar é parar uma segunda vez, é consertar, e é também notar. Notar não é avaliar, atribuir nota; é apenas reparar, consertar a visão, prestar atenção, e perceber o que não se vê. Ninguém repara no que não se repara. Nos consertamos para ser reparados, notados e atribuídos valores. Paro e reparo, e rerreparo. Está tudo parado, e não consigo não reparar nesses consertos exagerados. Sou uma pessoa irreparável. Em todos os seus significados.

Nos conformamos com a vida. Aos poucos vamos aceitando as suas arbitrariedades. A realidade é uma abstração. A vida escapa às mãos, desce como areia fina. Machuca, dói quando ela voa e se distancia. Abstração arbitrária. Todas essas aliterações cansam, mas não deixam nunca de ser necessárias. Paro e reparo, e há uma linha extremamente tênue entre o sim e o não, entre o dia e a noite, entre ver e reparar.

E a aura da manhã carrega um peso a mais do que o resto do dia. Como uma necessidade de ser tudo o que ela puder, de viver intensamente o curto período que existe antes que o Sol e o mundo desistam do acordo selado entre o horizonte e os fugidios raios da aurora. A aura da aurora é a linha tênue entre o sim e o não. Não podemos deixar de reparar a aurora, de aproveitar esse mundo vibrante de abstrações e arbitrariedades.

J'aurais pu vous pris au ciel
Mais vous choisissez l'enfer

É o que fazemos sempre.