quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Retrospectiva 2014

Finalmente mais um ciclo vai chegando ao fim, um ciclo de revoluções da Terra em torno do Sol. Depois de 365 rotações e uma translação voltamos novamente à época de celebrações e festas, quando o espírito do recesso de final de ano toma conta de todos.

O ano de número 2014 da Era Cristã. O de número 14 bilhões e alguma coisa desde o Big Bang. Mais um ciclo como tantos outros, necessidade de criaturas cronológicas que somos. Mas o fato é que juntamente com os jingle bells, chegam nessa época as retrospectivas, para relembrar o grandioso ciclo que está terminando.

Então, na maravilhosa rede social twitter, em 2014, tivemos tais pérolas:



















segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Amores Inacabados

Somos mestres em amores inacabados. Daqueles filmes cujo final inexplicado deixa uma sensação de desconforto no ar, de que o realizador da obra deveria ter sido ligeiramente mais específico. Aqueles amores de ônibus, paixões platônicas que duram apenas os 40 minutos do trajeto entre um começo, passando por um meio, e ironicamente chegando a um fim. Quarenta geralmente longos minutos, encurtados quando os amores tornam os tempos relativos.

Mas esse é só um exemplo de amores inacabados. Existem outros: dos telefones, nos quais a voz nunca assume forma física; os virtuais, nunca reais, que por vezes até se tornam realidade, mas um início tão metafísico não pode ser consumado com todas as eternidades. Apesar que fato é que existindo por si só, eterno é. Durante 15 minutos, te amei para sempre.

Não tenho um mínimo de respeito, necessário à convivência pacífica, por quem acredita que todas as boas histórias já foram contadas. Histórias existem em sistemas infinitos, em progressões geométricas nas quais casas nos tabuleiros de xadrez viram montanhas incomensuráveis de trigo. Há ainda tanta coisa a contar, tanta coisa a viver, tanta coisa a sentir. Eu sinto, e sinto muito!

Mesmo que seja um romance mal escrito, desses que se vendem em bancas de jornal. Erotismo barato, papel reciclado, capa desgastada antes mesmo de ser vendida. Tudo desbotando ao Sol, desbotando até mesmo à Lua, dada sua perenidade. Mas oras, são essas histórias também. Têm seu brilho, suas boas passagens, e seus autores podem mesmo ser citados entre aspas em obras um tanto quanto mais profanas.

E que seus autores não sejam jamais esquecidos, nem mesmo seus atores. Pois que tudo que inacabado é, por acabar estar. E oras, dir-se-ia que se nossos amores estão ainda inacabados, então significa que eles vivem conosco para sempre, ainda existindo, e coexistindo com tantos outros amores. Mesmo que estejam todos inacabados, celebrando a eternidade.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sobre Ser Lembrado (ou não ser esquecido)

Ou ainda: Ensaio Sobre a Memória

Atravesso a vau as grandes correntezas da memória, que se esvaem em imensos rios correndo para os oceanos do tempo. O destino é uma página amassada. Armazeno em minhas masmorras muitas mais lembranças do que deveria, ou gostaria. Tudo que fica para trás de nós, em algum lugar fica guardado, e dizem não ser possível voltar no tempo. A memória é a melhor máquina do tempo.

Certa feita, a minha caverna com as pinturas rupestres me revelou ter o medo de partir da existência sem deixar nada, sem ter realizado grandes feitos. Oras, isso é impossível, a própria existência por si é um feito grandioso. Um feito que invariavelmente deixa marcas indeléveis por onde passa, pois que ao tocar em uma outra existência qualquer, dela fazemos parte para sempre. Ensina um dia algo a alguém, e mesmo que pereça sua existência, enquanto aquele alguém existir, e ensinar o seu algo a outra alguém, ou simplesmente o mantiver, lá estará você. Em aprender a recíproca é verdadeira.

Imaginem que lindo seria poder acessar absolutamente todas as memórias da humanidade. Tudo o que cada criatura já viu ou sonhou e, inconscientemente, achou por bem armazenar em seu incomparável arquivo interno. Poderíamos lembrar de tudo o que já aconteceu, de todos os que foram esquecidos, de todos os que nunca são lembrados.

E são coisas como essa as que fazem a vida ter um pouquinho mais de sentido. Talvez seja esse meu único real objetivo na vida (e na morte); mais do que a rua, a selvageria, ou o caos. Não é sobre ter nomes em placas, de forma alguma, que isso fique reservado aos engenheiros da história. Apenas ficar bem acomodado em algumas masmorras já me dá por satisfeito. Receber e entregar cartas. Convites. Fazer parte dessas listas que circulam por aí.

E mesmo depois que corra muito tempo, continuar nessas masmorras. Mesmo que lá no cantinho, como um objeto de decoração velho e desbotado. Mas nunca esquecido. Maior do que a vida e a morte, a memória vence o tempo. Faz com que o que fazemos em vida ecoe na eternidade, como dito outrora. E faz com que tudo o que já foi, continue sendo, mesmo que todas as leis da vida não o permitam. Não ser esquecido é diferente de ser lembrado.

A maior grandiosidade (toda grandiosidade é maior que as pequenezas, mas algumas grandiosidades são maiores que as outras); a maior de todas acontece quando em comunhão entre a memória, as marcas, o tempo, e tanto mais; quando não somos esquecidos. Mas há muito ainda a se dizer, pois que há ainda muito a se lembrar.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Pequena

Quis lhe escrever uma poesia, pequena
Que coubesse em teu coração
Quis então lhe fazer uma rima, menina
Que um dia virasse canção

Acabei com uma rima tão pequenina, menina
Que é quase poesia ilusão
Acabei então com essa poesia pequena
Que a poesia é você então