domingo, 17 de julho de 2011

Destruição - parte 2 de 6

A cabeça pendia para o lado sem vida, mas a cabeça ainda vivia. Apenas o lado era morto, costuma-se dividir em dois lados, bem e mal entre outros, a destruição conhece vivo e morto, não há qualquer mérito de índole. Dois lados, a cabeça pendia para um deles, o desprovido de vida, mas ela vivia.
E tanto foi que foi assim que começou, o que há de ser a destruição suprema. Quebrados o talo e a coluna pela mesma mão que destruía.
A mão carregava os objetos causadores do caos, pois que caos e destruição são juntos, parceiros de um só propósito. E era uma mão comum, aliás, era um par de mãos, pronto, mas nem tudo assim será plural, pois que não há destruições.
Começou pequeno e belo e simples. Em um dia sossegado, se é que sossegado há de ser adjetivo para um dia qualquer, desses que passam sem deixar rastros, e quando dorme já nem impregna a memória de sonhos.
Mas aquele dia era, e ser há de ser suficiente, sem adjetivações, pois que o dia existiu, e basta.
E sendo aconteceu, aconteceu que as mãos começaram as destruições naquele dia. Ou a destruição naqueles dias. Foi o acontecimento da existência daquele dia.
Porém, a destruição surge com o surgimento, pois que a primeira coisa que surgiu foi instantaneamente destruída para ser substituída pela segunda coisa que surgiu. A destruição é consequência da própria criação.
E a mão que destruía também criava.

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