segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Tratado Contra o Sistema Digestório

Que constem nos autos a Solicitação de Revisão da Criação Humana, impetrada pela minha pessoa, contra qualquer que seja a Força ou Entidade criadora do universo, pois há algo de muito errado com o corpo humano. É um erro fulgurante que permeia a existência da criatura humana desde a aurora da espécie.

À primeira vista, é parte essencial da fisiologia, não só humana, como também mamífera, e de todos os outros seres do Filo dos Chordata. Mas trata-se de algo muito além de simples fisiologia, não é apenas uma questão de manutenção da vida através das funções naturais de uma criatura. O problema está além disso. Acontece que o Sistema Digestório é um sistema corrupto e opressor. É um sistema que ocasiona mais malefícios do que benesses, um sistema que te obriga, de forma ditatorial, a realizar certas atividades em nada agregadoras ao caráter existencial do ser humano.

Vejamos então o modo como se dá essa opressão, por meio da explanação das fases do processo: primeiramente há a alimentação. Oras, pois que já foi provado diversas vezes, e por diversos seres vivos, que comer pode ser, e é, desnecessário à existência. Todo o Reino Plantae, por exemplo, exime-se dessa estafante tarefa de localizar alimento, extrair ou conseguir alimento, beneficiar alimento, sazonar alimento, e só por fim comer. O tempo perdido com esse processo é enorme, e poderia ser muito melhor aproveitado para o progresso social e científico da civilização, caso essa não tivesse um Sistema Digestório.

Então inicia-se a fase da deglutição e digestão. Aqui, há um imenso desperdício de tempo e energia, causando efeitos colaterais terríveis, como a "soneca pós-almoço". Sem contar a inumerável quantidade de músculos e ossos dispendidos para o processo de mastigação. Essa fase do processo tem ainda a grande desvantagem de se caracterizar pela quantidade desnecessária de espaço utilizada para sua realização. São tantos órgãos, glândulas, enzimas, e outros elementos que, de uma forma ou de outra, participam da digestão, que chegam a ocupar até um terço do corpo humano. Todo esse espaço poderia ser utilizado para a alocação de mais um cérebro, por exemplo, que poderia ser ainda maior e mais complexo do que o que temos atualmente.

Por fim, chega o momento da dispersão dos nutrientes adquiridos, e da excreção do inutilizável. Outra fase repleta de desperdício de energia e tempo. Apenas o tempo gasto no banheiro com a eliminação das fezes já poderia ser muito melhor aproveitado em outros direcionamentos. E as partículas sanguíneas utilizadas para carregar os nutrientes poderiam ser úteis em diversas outras funções.

Em termos gerais, todo esse processo opressor e desnecessário ocupa boa parte de nossa energia vital. O sistema todo poderia simplesmente ser suprimido, e substituído por outras formas mais práticas de adquirir componentes básicos para a vida, da maneira como diversas outras criaturas vivas já fazem. Não cabe a nós aqui nessas parcas linhas citar as possíveis substitutas ao ato da alimentação/digestão/excreção. Apenas devemos incitar em nossa sociedade contemporânea o debate acerca da necessidade do trabalho em prol da eliminação dessa estrutura maléfica e tenebrosa de nossos corpos, o Sistema Digestório.

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