quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O Barulho do Tempo

Há uma evidente contradição na própria essência existencial do universo: em si, todas as coisas são finitas. Contudo, a matéria da qual todas as coisas são constituídas é eterna e se recicla infinitamente. Tudo acaba, e, no entanto, tudo é também eterno.

Constantemente, tenho ouvido o barulho do tempo passando. É um som desconfortável, quase irritante. Um ruído partindo pro baixo, quase grave. Inconstante, não segue qualquer padrão identificável. É um barulho pois não é um som agradável, não é música o que faz o tempo.

A óbvia conclusão de se ouvir o barulho do tempo passando é entender que o tempo possui corpo físico. Oras, pois que só gera ruído aquilo que é capaz de vibrar. Logo, é também uma dimensão mensurável, e o melhor: palpável.

Dizem por aí que somos feitos do que as estrelas são feitas, que somos poeira estelar. Oras, somos feitos de algo menos, pois não somos capazes de compreender as estrelas. Mas todo mundo sabe que um dia voltaremos a ser elas. E que elas são vivas também, criaturas evoluídas, que talvez algum dia tenham sido mesmo nós. Creio que elas sejam capazes de compreender o tempo, de ouvir seu barulho como música.

Já gastei muita rua por aí. Cortei muito chão. Tenho fome de mundo. Já vi algumas coisas. Tenho fome de tudo. Eu quero ser vocês. Quero ser eterno e ainda assim acabar. Quero ver, e ouvir, o tempo passar; permeado pela sabedoria das coisas que são há muito tempo, que já percebem a beleza da sinfonia dos hojes. Quero segurar o tempo e apreciar a sua melodia, sendo infinitamente finito.

5 comentários:

  1. Dilacerante ar que me corrompe:
    Sem tí não vivo, contigo morro

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  2. Eu sou um tripod cheio de ilusões

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  3. Creio que não somos feitos de estrelas, não somos nada em comparação com o vasto mundo. Mas somos seres incríveis.. que pensa, se movimenta! Bah, que louco né! Tudo em nosso corpo tem forma, lugar e função. Mas também tem fim. Células crescem.. Células morrem, enfim. Não estou lembrada do nome do filme, mas uma fala me chamou atenção: "que não se pode levar nada depois da morte, a não ser as lembranças". Tudo que fazemos em vida ecoa na eternidade é o que acredito. Nossas escolhas nos definem. O passado para mim foi apenas o ontem, o meu agora. Temos a chance de mudar, fazer diferente e a diferença. Eu não te garanto nada. Só digo: todo nascer do dia é uma nova chance. ABRACE-A !

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