Passou o chapéu pela plateia extasiada. Vários empunhavam moedas e notas de pequeno valor, fazendo bom uso de seus trocados, em troca do trabalho apresentado pelo homem de faces coloridas e roupa espalhafatosa, que ocupa o centro do palco no qual transformou até mesmo a rua.
Um sujeito mais generoso libera uma nota de grande valor. O homem de faces coloridas faz uma galhofa de quem lhe deu apenas os trocados. E isso é, contraditoriamente, um agradecimento. O homem de faces coloridas caminhou, há poucos minutos, de um lado para outro de seu palco-rua, abordando as pessoas das maneiras mais inusitadas. Um jovem distraído assustou-se de pular. Um pai preocupado o afastou com um chega pra lá.
É mais tarde, e o palco-rua é ocupado por outros artistas. Em minutos de outrora ficaram os gracejos e troças. Em um canto qualquer, em meio a outras atribuições e atribulações, frequentes mesmo nos dia a dias dos que mais sorriem, sentado está o homem. Deve tentar se misturar aos demais quando não está em seu palco-rua, ninguém pode ser a estrela de todos os shows. Mas suas faces permanecem coloridas.
Abraçado está o casal. Ela esconde as faces entre as mãos, ele a abraça em braços retentores de universos. Ela chora copiosamente, ele leva consigo um semblante carregado. Parecem estar brigando, ou o terem feito há instantes, como fazem os casais. Ele a segura carinhosamente, a acalenta. É o pedido de desculpas na tarde de quem já pediu aplausos. No palco-rua, o mundo continua. Na maquiagem: um sorriso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário