Não se atinge uma compreensão superior da existência sem passar antes por tantos quantos estágios inferiores. A cabeça gira, vai e volta, sobe e desce, e descobre-se a diferença entre tontura e vertigem. Parece falta de ar, ou psicotrópico, epilepsia, quem sabe nirvana. E no fim, é só pensamento, é troca de correntes elétricas nos circuitos do cérebro. Circuitos que podem também sofrer dispneia, alucinação, curto-circuito, e realização.
Nosso sangue está borbulhando, repleto de moléculas de oxigênio indo, de gás carbônico vindo. Mas não somos respiração celular, somos imensos pulmões sintéticos expirando muito mais do que inspirando. Exalando ares moribundos, buscando compreensões inalcançáveis, nirvanas intangíveis. Não acredito em redenção, é sempre bom frisar.
Somos partículas em suspensão, como aqueles pedacinhos minúsculos de poeira flutuando em uma réstia de luz que invade a sala em uma tarde de outono qualquer. Então, em um entendimento repentino, saímos do próprio corpo, e o vemos em movimento, em terceira pessoa. É a mente em suspensão, buscando por si só as respostas que conscientemente nunca podemos nos dar. O problema é estar consciente.
Doenças nunca diagnosticadas são apenas sintomas, são batalhas nunca travadas. Pois que anticorpo nenhum lutaria sem saber o que está enfrentando. Pelo menos não conscientemente. E por isso nossa mente viaja, procura doenças nas quais se apoiar. Epilepsias, dispneias, alucinações e nirvanas.
Estamos aqui para inspirar. Saímos de nós mesmos para inspirar. É o que mantém a vida, afinal. A cabeça continua girando, e buscando suas respostas. Flutua nas réstias de luz que cruzam as fronteiras acima de nossas cabeças, que nossas mentes insistem em cruzar. A cabeça gira, vai e volta, sobe e desce, é tontura e é vertigem. Parece falta de ar. Parece psicotrópico. Parece epilepsia. Parece nirvana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário