Desde o primeiro momento em que o ser humano foi capaz de contornar o tempo e registrar nas paredes das cavernas a sua perene existência, começou a ser produzida literatura. Ao longo dos milênios, já foi produzida tanta quanto o volume de seres viventes a experienciar a existência.
O princípio dessa capacidade de vencer a exatidão da morte se deu nas rochas, tanto das primordiais moradas cavernosas, quanto nas pedras que permaneceram soltas na natureza. A tinta provinha de pigmentos naturais, de origem animal, vegetal ou mineral, localizados por mãos pioneiras. A autoria da obra, essa se perdeu.
Quem exatamente eram aqueles homens e mulheres?, o que eles faziam?, por que faziam?, e o que se passava por suas cabeças?, tudo isso nenhum presente ou futuro poderá dizer. A autoria se perdeu e a obra ficou. Venceu os milênios, subjugou a morte. Não se sabe quem fez, mas sabe-se que foi feito. É o que fica; é o que importa.
Assim sendo, para o interesse da literatura, da obra em si, como essência, como criatura que inexoravelmente vive além do criador, o criador não importa. O autor não importa e nunca importou. O autor não deve nunca ser eterno, e, por conseguinte, o autor precisa ser perene. O autor não deve nunca viver tanto quanto a obra, ele deve ser esquecido. Deixemos a obra perdurar sozinha! A autoria deve ser perene!
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