quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Sobre a Estética da Vida e da Morte que nos Aguarda

É natural que queiramos planejar o futuro. Somos a primeira espécie que possui capacidade de pensar o tempo de maneira analítica a povoar esse planeta. Aliás, inventamos o tempo, portanto somos capazes de pensá-lo como quisermos. Pensamos no passado e no futuro. Conjugamos malditos verbos. Quem liga para o subjuntivo do pretérito? Pensamos demais. É natural, mas isso não significa que é certo.

As pessoas da minha idade deveriam todas estar morrendo. Não se preocupando em acumular matéria física à sua volta, objetos que orbitem à sua massa irrelevante, para que quando finalmente morram, daqui a quatro ou cinco décadas, deixem tudo para que seus herdeiros deixem tudo para seus herdeiros. O que todos esquecem é que o ser humano não nasceu para viver. Nasceu para morrer. Rápido. Antes dos 30.

Gosto de passar minhas horas com quem me faz boa companhia. Um café da manhã antes do trabalho. Uma maluquice extrema pelas ruas na madrugada. Uma tarde de sábado na grama. Um almoço com cara de jantar em um domingo do contrário natimorto. Conversas que são apenas por serem, sem mais explicações. Coisas que passamos a apreciar melhor com a maturidade dos anos.

De uns anos para cá, tenho visto mais beleza nas coisas. Meu senso e padrão estético se tornaram menos rigorosos. Acho que é assim mesmo, a gente vai vivendo mais e as coisas vão ficando mais bonitas. A vida e as pessoas vão ficando mais bonitas. Outro dia, descobri que em uma das luas de Júpiter há mais água do que em toda a Terra. Quem poderia subestimar a superioridade daquele mundo ínfimo e infinito? Infinito porque nunca chegaremos a conhecê-lo. Nem em dez gerações.

É coisa de um ser humano que se aproxima de sua morte. Aproximar é um de nossos verbos que possui conjugação para as quatro dimensões hoje conhecidas. Podemos nos aproximar tanto no espaço quanto no tempo. Tornamo-nos próximos de nossas mortes, mesmo que ela já não chegue mais tão cedo. As pessoas da minha idade deveriam estar morrendo. Não se preocupando com a conta não paga; com o cachorro do vizinho; a chuva do final de semana; ou o senso estético dessa porcaria toda.

Tenho sentido falta de escrever. Tenho sentido falta de amar. O que posso fazer? São meus vícios. Não é possível viver sem eles. Continuamos nos movendo. É o óbvio. É o que precisamos fazer para não morrer qualquer dia com a cara na calçada enlameada pela chuva de início de uma noite de primavera. De toda maneira, parece que passamos mais tempo nos preocupando em não morrer do que em viver. Reitero: as pessoas da minha idade já deveriam estar todas mortas.

2 comentários:

  1. A gente procura o sentido da vida e não acha. Seria melhor mesmo acabar com esse matrix maldito que encabula tanto a mente.
    Por outro lado, quando não se pensa no sentido e simplesmente se vive...quanta potência de vida há em cada um! Principalmente nesses com menos de 30. Jhonny querido, vale a pena viver e cometer maluquices extremas na madrugada!

    ResponderExcluir
  2. A gente procura o sentido da vida e não acha. Seria melhor mesmo acabar com esse matrix maldito que encabula tanto a mente.
    Por outro lado, quando não se pensa no sentido e simplesmente se vive...quanta potência de vida há em cada um! Principalmente nesses com menos de 30. Jhonny querido, vale a pena viver e cometer maluquices extremas na madrugada!

    ResponderExcluir