quinta-feira, 30 de abril de 2015

Uma Crônica Lírica de Escárnio e Dor

En los abismos de los años transcurridos
Me quedé a vivir peligrosamente
La sangre no me basta
La muerte no me vence

Qual dor dói mais: a das navalhas lacerando a alma, das lâminas afiadas, o aço pontiagudo, giletes incisivas adentrando profundamente essa alma? Ou a porrada na cara, o sangue que verte, a marca arroxeada que não vai passar, o tiro de bala de borracha? A corrente elétrica passando pelas células nervosas para avisar o cérebro de que algo está muito errado, ou o aperto no peito e a vontade retumbante de gritar loucamente?

Já me acostumei há muito tempo a sentir os objetos cortantes invadindo esse lugar abstrato que se encontra dentro de todos nós, mas ninguém sabe exatamente onde fica. Já me acostumei também a ver o meu sangue fluindo, e com isso o conheço muito bem.

Nossa essência não é formada de uma coisa só, somos corpo e alma, e somos ainda mais. Não há como saber qual das dores é mais poderosa, qual incomoda mais e afeta mais a outra parte. E em alguns casos, pode até haver uma conexão entre as dores, mas no geral uma delas sempre dói mais.

A dor que sinto é estimulante. Uma vida é paródia da outra, vivemos em círculo. Somos paródias de nós mesmos. Uma dor é consequência da outra. Elas vêm em círculo também. Ah se meu corpo pudesse gritar! Ah se a minha alma pudesse sangrar!

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