Se a vida fosse mesmo uma grande festa (e já disse que quero morrer em uma delas, mesmo sabendo que ninguém morre de vodka, morre-se de amores e de terrores, nunca de vodka), e de festa se vive; se assim a vida fosse, a maior festa de todos os tempos, seríamos criaturas mais dançantes. Bailaríamos com a vida, a tiraríamos para dançar.
Senhora vida, conceda-me o prazer desta dança, ou dançarei com a morte.
Somos criaturas pouco práticas, caminhamos em direção ao Sol, mas não vivemos de extremismos, de extremismos é que se morre. Ficamos parados esperando que a vida nos tire para dançar. Aí então dançamos com a morte.
Mas nem todos. Não, nem todos mesmo! Há aquelas almas pulsantes. Há uma gente maluca de toda sorte, que dança com a vida, e baila além da morte.
Como as dançarinas da alma, que bailam ao som do palpitar dos corações ao seu redor. Como os bailarinos que giram. Como as dançarinas que pairam. Como as rainhas e as musas e as deusas. Como gente que nem mesmo sabe dançar, mas quem foi que disse que saber é preciso?, ninguém também nasce sabendo como se vive, e, no entanto, vivemos. Vivemos muito mais do que morremos.
Gosto mesmo é dessas almas pulsantes. Das que me tiram para dançar, e das que nunca recusam a minha dança, quaisquer que sejam os caminhares desses nossos pés malucos. Quaisquer que sejam as vielas da vida, com palco, sem palco, tablado, na rua ou na praça. Quero que a vida seja de mais festas, de mais gente maluca, que aceita o dançar e as suas consequências. Quero mais almas pulsantes.
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