Certa feita, escrevi a uma garota determinada poesia. Amizade expressa, ela singelamente me olha e sentencia: "tenho em minhas mãos a coisa mais linda que até hoje alguém ousou escrever para minha pessoa". Naquele momento egocentrista, tudo o que pensei foi "chegará um dia o momento em que terei eu em mãos a mais bela coisa que alguém já escreveu para mim?". Oras, esse momento chegou.
Sinto saudades de sentir o sentimento bom de ter o estômago revirado sem precisar regurgitar. Aquela velha e recorrente metáfora das lepidópteras invadindo o aparelho digestório para denotar uma sensação boa. Criam casulos no interior de nossas tripas, procurando espaço entre movimentos peristálticos rosáceos, desacostumados a ver a luz. Casulos são transições, como todas as outras coisas que mudam, somos grandes casulos envoltos, atrapalhados por um metabolismo lento demais.
Saímos de casa. Tudo o que foi nosso um dia, nosso continua sendo. Pois que temos para sempre aquilo que nunca chegamos a perder. São nossas as nossas ruas por onde caminhamos em madrugadas memoráveis. Memorabilia. Física imemorial. Desfisicamente deixamos ambientes, ultrapassamos a velocidade do som, do som das vozes que nunca mais foram ouvidas.
E saímos, andamos a princípio. Lentamente como o bater de asas de uma criatura pesada demais, ou velha demais, ou fraca demais. Caminhamos e principiamos a trotar, passo apressado de quem expectativa chuva. Oras, mal sabem que quando a chuva vem, o mais correto é então parar, esperar o primeiro pingo, a primeira gota, e então dançar. A senhorita me concederia o prazer desta dança? Então corremos, o trote vira desabalada carreira.
Para onde vamos? Não sei! Corremos, e passamos (passamos a passos, correndo corramos) por todos os lugares que ainda são nossos. Fisicamente. Tenho memória do futuro, me lembro do que ainda está por acontecer. São nossos, mas lá não paramos. Vamos, para onde não sei! Em fuga fujamos. Fugimos. Para onde não sei. Pois que nunca paramos.
Saímos de casa. Tudo o que foi nosso um dia, nosso continua sendo. Pois que temos para sempre aquilo que nunca chegamos a perder. São nossas as nossas ruas por onde caminhamos em madrugadas memoráveis. Memorabilia. Física imemorial. Desfisicamente deixamos ambientes, ultrapassamos a velocidade do som, do som das vozes que nunca mais foram ouvidas.
E saímos, andamos a princípio. Lentamente como o bater de asas de uma criatura pesada demais, ou velha demais, ou fraca demais. Caminhamos e principiamos a trotar, passo apressado de quem expectativa chuva. Oras, mal sabem que quando a chuva vem, o mais correto é então parar, esperar o primeiro pingo, a primeira gota, e então dançar. A senhorita me concederia o prazer desta dança? Então corremos, o trote vira desabalada carreira.
Para onde vamos? Não sei! Corremos, e passamos (passamos a passos, correndo corramos) por todos os lugares que ainda são nossos. Fisicamente. Tenho memória do futuro, me lembro do que ainda está por acontecer. São nossos, mas lá não paramos. Vamos, para onde não sei! Em fuga fujamos. Fugimos. Para onde não sei. Pois que nunca paramos.
É como sempre disse: em qualquer nível, sentimento algum precisa ser recíproco. Mas quando o é, amigos, quando o é...
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