segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Infinitas Atmosferas

Everybody is sad in the city of dreams
Everybody is happy in the city of sins

Tenho visto as coisas como que do fundo do oceano, com toneladas de água barrando tudo, a luz tem dificuldade em atingir minhas retinas. Tornam-se as coisas turvas e embaciadas, são meros movimentos involuntários, silhuetas ao longe. Então preciso nadar, buscar a superfície. Mas nada mudará o fato de que eu sou um peixe que não entra na água, pois que quando entro, enfrento resistência, obstinação, não devia estar fazendo aquilo. O oceano foi, é, e sempre será contemplação.

O mundo está repleto de erros, de coisas erradas e arrependimentos. Todos esses erros esperam por aí, andam a esmo, esperando para serem cometidos. É simples, é fácil, e é também como os movimentos involuntários, você chega lá, encontra um erro te observando, e o comete simplesmente. E com tantos vistosos e variados erros por aí, apenas esperando para serem cometidos, me pergunto o porquê de cometer sempre os mesmos.

Por vezes, ouve-se também um chamado. Um bater de asas na madrugada, quando o silêncio mesmo do infindável oceano impera. E, oras, é um chamado do não-erro, conclamando a não entrar na água. Lembre-se sempre de que tipo de peixe você é. Voltemos, então. Caminhares na areia, e quem é você? Quem é e o que faz, quando faz esforços desmedidos e auto-flagelantes em prol de qual quem mesmo? Olhe só para esses erros voando à nossa volta. Não, não são as asas de antes, eles estão indo embora.

Enfim um dia disseram você pode ser o que quiser oras decidi não ser nada. Mas decidi também que todas as vírgulas são aspas que caíram. Como anjos caídos vírgulas são criaturas decadentes impeditórias pensei em não mais usá-las como erros recorrentes. Vírgulas são erros. Também já desejei não enxergar. A visão é um erro. E aí é bom estar preso no fundo do oceano sou criatura abissal com esmerado gosto. Fiquem aí embaciados turvos entre-vírgulas. Fiquem erros. Fiquem com essas asas que batem e que mesmo quando não batem eu sei onde está o oceano. Volto ao meu chamado não quero enxergar não quero mais vírgulas.

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