Precisamos conversar. A todo o momento, sem parar, é o que mais precisamos. Precisamos um do outro, e não paramos nunca de falar. Sinto a constância da presença, me ajudando a sorrir, enternecendo essa alma. Criamos um universo próprio, onde o mundo gira ao nosso favor. Girassóis enfim estão naquela nossa mesa, onde paramos um dia para delirar.
O que somos é um eterno flerte, de eternos olhares cativantes. De compromisso controverso, cantado a ventos particulares. Na rotação de um sol particular, que gira parado, vejo toda essa beleza verter em flor, e todos esses raios em um brilho a esvanecer. As madrugadas não têm graça sem você. É estranho ser ausente mesmo com tanta presença.
Mas seria melhor apagar esse sol? Matar essas flores que giram em seu próprio caule? Seria melhor destruir essa coisa magnífica que cultivamos dentro de nossas cavernas? A dúvida destroça sentimentos, arrebenta vontades, lacera as intenções. Nos sentimos oprimidos pela vida, em nossa solidão compartilhada. E conversamos sobre isso, e sobre todas as outras coisas que precisamos conversar. É tudo tão singelo!
Mas não devemos deixar de assim ser, é injusto precisar perder. Eis que sentimento nenhum precisa ser recíproco. Digo que te quero bem, e isso basta. Ouço que bem me quer, e isso basta. Pois que assim deve ser, o querer por si só, o gostar suficiente, sem cobranças ou faltas. E nos queremos bem, nos autorizamos a gostar, nos entendemos em nossos gostares. Afinal, gostamos do que somos, e somos, e continuamos a ser, uma linda aberração sentimental.
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