segunda-feira, 15 de julho de 2013

Voltar para Casa

Quem poderá dizer o que é isso que chamamos de casa. Isso não foi realmente uma pergunta, conforme dito outrora, não usariam-se mais pontos finais. Mas oras, sabemos mesmo que nada tem final, continua-se então com essa relativização absurda de achar que cada frase é um universo por si só. E deve mesmo ser.

Sempre há um retorno, o mundo é redondo, e supõe-se que o universo também seja. Como nada tem final, tudo é redondo, com começo, meio e recomeço. Mesmo as vidas recomeçam quando terminam, e voltam a ser o que foram um dia: morte. Nada se cria, tudo se transforma, voltemos ao pó original, voltemos à velha guarda, voltemos ao que fomos outrora, voltemos às nossas casas; ao útero original.

O retorno é sempre mascarado. Voltar é sempre errado. Não se deve ter de novo o que um dia se abandonou, mesmo que disso estejamos falando do próprio útero, ou do útero original. Sair de casa e planejar a volta é a forma mais errada de sair. Não importa como vamos voltar, só importa mesmo que vamos.

Tem gente que não aproveita a vida, e acaba não dançando. Tem gente que não faz moshpit, mas pior ainda são os que não fazem moshpit mesmo sem gostar da música. Tem gente que nunca dorme no chão, por necessidade física ou psicológica. Tem gente que não janta com prefeitos, nem bebe com vereadores. Tem gente que não aceita o que a vida tem para oferecer. E oras, certo é que ela não oferece grandes coisas, mas é melhor ter quase nada do que nada. Zero absoluto é sempre mais frio.

Tem gente que não aproveita a morte também, esse inconstante ponto e vírgula da vida. Essas pessoas são as piores, porque elas acham que nunca vão morrer, e aceitar a morte é o primeiro passo para se viver a vida, com  quantos pontos finais e úteros originais lhes caibam. Com quantos retornos indesejados se fizerem necessários.

Rever o que já se teve, revisitar o que já se foi, quase 14 anos atrás. E há vezes em que nós nas gargantas nunca serão suficientes. Tem gente que não aceita esse tipo de axioma. Mas oras, quantos quilômetros seriam necessários para se voltar para casa, quando não se tem casa nenhuma? Ou quando tudo o que se tem é casa. Tive casas que foram banheiros, barracas, calçadas, vestiários, e cozinhas sujas. Ou é melhor que e nesses casos. Tive Cascavel, Inajá, e Toledo também. Voltei para todas as minhas casas.

Enfim, voltemos. Ao que seja e ao que for, e ao que fosse, pois o que quer que fosse, foi-se, e acabou, acabou para recomeçar. À velha rotina, aos velhos dilemas, às velhas e rotas poesias apodrecendo em pedaços rasgados de guardanapo de boteco. Todas as vezes que eu tiver o mundo aos meus pés, desejarei o universo. E todas as vezes que eu tiver o universo, bom.. aí talvez seja a hora de voltar pra casa.

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