quarta-feira, 3 de julho de 2013

Ela é uma Praia Quieta no Inverno

Todo continente é também uma ilha, pois que praia nenhuma tem ponto final. Mesmo que hajam rochedos, montanhas, fozes e arrecifes, pois que tudo o que é litoral, costa e beira-mar, é também praia, sendo essa apenas uma, ou muitas, denominação relativa.

Ela é uma praia quieta no inverno, não daquelas que passam uma temporada gerando recursos para nativos que passarão o resto do ano apertados com os ganhos dessa pequena faixa de tempo determinada do ano. Mas sim daquelas dos lugares frios por si só, mais frios do que as pessoas. Aquelas praias de lugares onde as areias têm o costume de não ver a luz do sol. Na paisagem dos olhos dessa praia vejo a busca por paisagens a não se ver. Lúgubre e melancholica.

Em viajar não há ponto final. Também não o há em escrever, pois que afinal de contas, ao final das contas, conta-se que coisa nenhuma tem final. Oras, então porque utilizar-se de métodos de pontuação que não deveriam existir; Se bem que utiliza-se do inexistente a todo o tempo, vejamos bem que por si só o próprio tempo é inexistente;

No entanto, taciturna e angustiosa, a praia, sem ponto final, continua viajante; O primeiro passo é igual ao último; Sem pontos finais, nunca mais; Começos e fins cíclicos, viagens sem volta; Por que utilizar-se de viagens sem volta? Oras, não seria a interrogação uma espécie de ponto final? Digo não, isso pois que ela deixa aberta a porta para uma possível resposta; Respostas são contínuas..

Assim, soturna e aflitivamente, olho os olhos da  praia, esperando resposta; Uma resposta sem ponto final; Dessa praia fria e chuvosa, desse clima amistoso; Pois que praia nenhuma tem ponto final, e assim também o são os escritos;

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