A melhor oportunidade que um sujeito pode ter de reunir ao mesmo tempo todas as pessoas importantes de sua vida, ele só terá em seu próprio velório. Mesmo outros eventos demarcadores de datas e passagens que são tão importantes quanto, como batismos, formaturas, casamentos e despedidas, não reunirão a mesma quantidade de pessoas representativas em nossa existência. O máximo só será atingido no dia de nosso velório.
Bebemos a vida em tragos largos, e toda vida é gloriosa por essência. Um bebê chora. Mas não lamenta a morte, ele nem mesmo entende. Ainda vai levar alguns anos para que o conceito de saudade ganhe em sua mente a companhia da inevitabilidade da nunca satisfação dessas saudades. Quem morre, morre uma vez só. Quem vive, vive sempre. É um bebê que chora, é o início de uma vida presente no momento do fim de outra. Os dois opostos mais perfeitos.
Todo mundo tem uma história. Todo mundo tem aquelas pessoas representativas em sua existência, que foi agregando ao longo dos batismos, formaturas, casamentos e despedidas da vida vivida. Queremos saber quem você foi, e o que você fez. Quero saber o que têm a dizer toda essa enorme quantidade de pessoas que frequenta o seu velório. O seu, o meu, o nosso velório. O velório de todo mundo que há ainda de morrer.
Talvez por isso mesmo, e visto que toda vida é gloriosa por
essência, buscamos celebrar a vida vivida, em lugar de apenas lamentar a morte
sofrida. Somos vidas celebrando vidas. Até que seja o nosso próprio velório, as nossas próprias pessoas, e o nosso próprio bebê chorando. Ainda que, inocente ele também das vidas e da morte que tem a sua frente, ele nem chore, e esteja também celebrando. E então, quem foi você?
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