quarta-feira, 21 de maio de 2014

Eu Sou Um Desastre Natural

Algumas pessoas têm em seu interior um lindo sol de primavera, brilhando por sobre as verdes pradarias onde alegres coelhos correm, com montanhas de cumes gélidos ao fundo, e tendo imponentes carvalhos e outras árvores frondosas como moldura. Então esse sol se põe em uma paleta de cores única e magnífica, deixando os rastros de seu brilho no céu azul durante horas. Outras pessoas apenas chovem.

Ventamos a 160 quilômetros por hora, destelhamos residências, derrubamos as árvores. Somos o vento contra o vento. Explodimos em lava, conservando a particularidade de um momento infinito em rochas ígneas. Somos o fogo contra o fogo. Somos a tempestade, a calmaria, a verdade e a utopia. Somos a terra furiosa, que chacoalha convulsivamente, derrubando tudo o que for fraco o suficiente para não suportá-la. Somos a terra contra a terra. Derretemos com o calor implacável, e nos derramamos em água nos oceanos, subindo com suas marés. Somos a água contra a água.

Somos a natureza contra a natureza. Somos cada microcosmo de caos. Cada pequena partícula se deteriorando e arrastando para baixo todas as partículas ao seu redor. Somos a entropia ao contrário, perdemos calor, nos agitamos e bagunçamos o sistema. Somos cada um dos pequenos e magníficos desastres que assolam a existência de todos os dias.

Enchemos de magma as verdes pradarias, trememos e rachamos as montanhas dos cumes gélidos, derrubamos os imponentes carvalhos com a força de nossos ventos, afogamos os alegres coelhos com o excesso de nossas águas. E sobra o sol. O sol continua se pondo através de um cenário de desastre. Com suas cores únicas, com suas formas magníficas. Com seu brilho se arrastando pelo céu azul durante horas. Então para de chover.

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