quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Personagens

Creio que Bukowski adorava gatos. E frequentar essas rodas de poker é como ir aos páreos de cavalo. Dizem que dá pra ganhar muito dinheiro por lá mesmo sem jogar, com determinada habilidade. Mas é determinante uma relativa preguiça dessa obrigação monetária.

Ninguém nunca morreu de opinião, essa doença tão frequentemente transmissível. Certa vez falaram que essas personagens não têm vida. Oras, isso se dá pelo fato delas não serem reais, não podem mesmo ter vida, isto está reservado para as criaturas que usam oxigênio de alguma forma. Não vejo motivos para passar dos 40 anos de idade. Passar tanto tempo gastando oxigênio. Essas parcas personagens sem vida viverão muito mais do que nós.

Há ainda aqueles que levantam bandeiras, por Bukowski ou pela causa dos gatos. Oras, os gatos podem se virar sozinhos, só precisam mesmo de alguma coisa pra matar de vez em quando. Para levantar uma bandeira, a pessoa deve também aprender o hino, defender o brasão, cumprir com todos os deveres cívicos enfim. Mas as vezes algumas bandeiras são necessárias, ou podemos simplesmente nos esconder atrás delas, o que é suficientemente cômodo.

Poderíamos debater o dia todo sobre árvores que crescem no concreto, os oásis dos tempos modernos, urbanidades tão vívidas. E como fazem elas com essa escassez de oxigênio? Oras, elas mesmas o fazem. Todo mundo já desejou fazer fotossíntese. Elas levantam as próprias bandeiras, sem se preocupar com quanto tempo viverão.

Poderíamos jogar poker valendo cavalos. Poderíamos ter gatos e bandeiras, bandeiras com gatos. Poderíamos consumir todo o oxigênio que nos for permitido e convencionado. Pois a própria respiração é mera convenção. Criando nossas próprias personagens e levantando as bandeiras delas. Pois que essas coisas sem vida não podem nem mesmo respirar sozinhas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário