Numa das brincadeiras favoritas da minha infância, eu, minha irmã, e vizinhos, fingíamos sermos sobreviventes de um desastre aéreo, acordávamos perdidos em alguma selva cercados dos destroços do acidente, e precisávamos nos virar para voltar à civilização. Como cenário, juntávamos muito lixo em volta de nós, que representavam os destroços da queda. Sempre fui adepto ao caos.
Hoje, construo e destruo na mesma proporção. O que eu crio também é caos, tentando organizar o inorganizável. Mas somos todos sobreviventes de todos os desastres, viver é uma sucessão de contínuos sobreviveres.
Eventos como esses são memoráveis, praticamente épicos, convites inesperados e orgulhantes. Continuo criando neologismos pra definir o indefinível. E como são alucinantes essas viagens. Pois que tudo o que não é esperado tem a vantagem de ser surpreendente, e ser surpreendente é sempre bom, mesmo que não seja.
A gente busca criatividade, a gente busca selvageria, a gente busca o diferente, e acha em tudo um tudo igual, mas cada vez que algo é diferente e surpreendente e indefinível, faz com que boa parte do não valha a pena e seja um sim. Por isso mesmo, a gente continua buscando.
No fim, todas as coisas que fazemos são juntar destroços à nossa volta, e tentar sobreviver a um desastre. Festas são um desastre. Eventos são desastres. Organizar o inorganizável é criar desastres. E sobreviver por si só é o maior dos desastres.
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