No início, a merda estava principalmente presente entre os trópicos, o Canadá, por exemplo, era um país quase a salvo do problema, exceto por uma ou outra corrente merdítima que chegava vez por outra.
Em meados do sexto ano da emerdiação mundial, o problema passou a ser mais global. A população sofria como nunca antes, e imigrava para os países árticos. Porém, agora a bosta estava começando a chegar lá também, havia merda condensada na atmosfera em forma de nuvens, e as correntes de ar as carregavam de um lado pro outro, massas de bosta fria e de bosta quente faziam parte das previsões do tempo nos canais de televisão.
Nas águas as correntes oceânicas também carregavam a merda como se fossem gigantescas estradas de bosta. Então a corrente do gorfo levou fezes até a Groelândia, e lá imensos icebergs constituídos totalmente de merda começaram a se formar. Coprólogos estudaram o ponto de fusão da merda e verificaram que os icebergs de bosta ficariam cada vez maiores e mais fedorentos.
E foi assim que a nova ameaça surgiu, mais um problema num mundo já afundado em merda: o shitberg. Os shitbergs eram massas colossais de bosta, que se aglutinavam e congelavam, a maior parte de sua constituição física ficava abaixo do nível do mar, sendo assim invisível.
Shitbergs vagavam pelos oceanos, atingindo latitudes cada vez mais próximas ao equador, pois derretiam com mais dificuldade em relação aos icebergs tradicionais. A temperatura da Terra diminuía, devido à presença de merda na atmosfera condensada em forma de nuvens, que por ser mais densa e de cor mais escura, geralmente marrom, refletia a maior parte dos raios solares de volta ao espaço.
Assim os shitbergs aumentavam, em tamanho e quantidade, e também em periculosidade, e dominavam uma porção cada vez maior dos mares do planeta. As águas já não eram navegáveis, e barco nenhum viajava, nem mesmo os mais fortes suportavam a terrível ameaça dos shitbergs.
Até mesmo a aviação ficou comprometida devido à grande presença de merda na atmosfera que dificultava a visibilidade, no nono ano já não se locomovia a grandes distâncias pela Terra.
No próximo inverno do hemisfério norte, as neves vieram com mais força do que em todo o século anterior, e escurecidas pela bosta, pesteava tudo. Algumas pessoas voltaram a migrar para os trópicos, voltando de onde fugiram outrora, quando a merda começou a dominar as cidades costeiras.
Depois de dez anos do início de emerdiação mundial, a população humana começava a minguar pela primeira vez na história, eram muitas as doenças e pestes; a produção de alimentos diminuíra assustadoramente; não havia mais transporte, e várias regiões do globo estavam completamente inabitáveis. Grandes desertos de merda cobriam os mapas.
No décimo terceiro ano, a população mundial já era a mesma que na época da revolução industrial, e perecia. Tudo era merda, e o planeta não se recuperava, pois as pessoas continuavam cagando. Bosta na atmosfera, cocô nos oceanos, fezes nas terras emersas.
E o planeta esfriava cada vez mais, numa era glacial de proporções bostiais, shitbergs cada vez maiores flutuavam pelos oceanos, que eram cada vez mais parecidos com fossas gigantescas. Os shitbergs invadiam os rios, numa piracema escatológica, congelando as nascentes, e contaminando os lençóis freáticos, não havia mais água livre da bosta no planeta.
Shitbergs colidiam com as cidades costeiras, que desde a última imigração voltavam a ser habitadas, sendo alguns dos lugares menos frios da Terra, causando destruição e ceifando mais vidas. Aqueles colossos de merda eram visto com muita freqüência até mesmo na costa do Brasil e da África.
No inverno seguinte foi avistado no Oceano Pacífico o maior shitberg já catalogado pela humanidade, com 1.607 quilômetros de comprimento, e nenhum coprólogo conseguiu calcular o tamanho que ele atingia embaixo da água. Um dia ele não estava mais à deriva, e se tornou fixo, como um novo continente de cocô, e passou a crescer cada vez mais, com mais merda congelando a sua volta, como em ilhas vulcânicas.
Em pouco tempo, novos continentes de merda surgiram, e alguns se aglutinavam, ficando cada vez maiores, as águas de todo o planeta estavam se congelando em bosta, e havia cada vez menos pessoas para presenciar essa glaciação escatológica. No décimo sétimo ano o Oceano Atlântico inteiro virou uma grande massa fecal, as correntes marítimas deixaram de existir. O mundo se tornava uma merda gelada. No inverno seguinte o último ser humano morreu.
E depois de tanta coprofilia, tanta escatologia, tanta emerdiação, o planeta Terra se tornou um grande e coeso Shitberg à deriva no espaço.
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