sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Gota d'Água

Ela é a Simone de Beauvoir desse Jean-Paul Sartre embevecido pelo fabuloso ópio que é a existência. Planejamos milhares de viagens pictóricas a fazer com ela, mas quando estamos juntos só consigo mesmo viajar nos olhos e no sorriso desse verdadeiro sonho alucinante que caminha comigo de mãos dadas.

Sinto como se eu fosse aquela banda de garagem, com qualidade técnica bem contestável, mas que teve a capacidade de articular ao menos uma boa letra com um riff melodioso e uma melodia grudenta. É o meu one hit wonder, a oportunidade magna de viver o se entregar para o que se sente. É como se todos os envolvimentos da minha vida tivessem sido apenas a preparação para o que vem agora, o preparo do terreno para a verdadeira e magnífica colheita.

Observamos parques e visitamos pessoas. Ou vice-versa. Andamos por aí, sem rumo mesmo. E sempre chove, chove sempre. Atraímos a água. Somos duas pequenas gotas despencando de uma colossal nuvem negra de tempestade. Em queda livre, com a nossa imensa vontade de pular dos céus, dançando pelos ares enquanto caímos. Somos duas pequenas gotas da chuva se entrelaçando e dançando e girando durante a queda.

Quando você não está é só saudades. Isso deve ser o nosso instinto querendo permanecer com o outro para sempre. Vejo relação em tudo o que dizemos. Reparo no mundo concordando sobre nós. O universo tem parado para se perguntar e divagar sobre nós, eu sei que tem. Eu falava, e reparei na data o quão próximo foi do início de tudo, eu falava sobre as revoadas de lepidópteras no sistema digestório. Oras, agora elas acontecem continuamente.

No mesmo momento do teu tchau, já começo a clamar pelo próximo oi. No momento do ponto final deste texto já começo a querer ser e viver o próximo sobre você. Já começo a pensar que cada oi comporta um mundo literário passível de instigar e alimentar todas as histórias do mundo. Nós somos todas as histórias que estamos vivendo e que ainda temos para viver.

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