terça-feira, 13 de setembro de 2016

Tomando Uma Cerveja com a Morte

Faz calor depois de muito tempo de inverno. As coisas estão mudando. Mas as coisas estão sempre mudando nesse universo que por muito tempo se pensou imutável. É aquela história da vida como um passeio de roda gigante: em um momento, estamos lá no alto, presenteados com uma vista maravilhosa das coisas mais belas já criadas; então descemos para que o outro lado suba.

Há algum tempo, esse blog andava inabitado. Alguns fantasmas certamente continuavam circulando por aqui, mas nada daquele salão de festas sempre lotado, com as pessoas andando por aí com suas taças na mão. Taças não, porquê aqui nós bebemos direto da garrafa. Porém, inabitado não significa não visitado. Que o digam as criaturas que sempre invadem as casas mal-assombradas do bairro, para tirar a limpo a história do fantasma que arrasta correntes na madrugada.

Creio que o silêncio daqui nada teve a ver com o inverno, nem com as coisas estarem mudando. Provavelmente mesmo ele não teve motivo algum, ele só foi. Perdemos tempo demais tentando entender a razão das coisas que simplesmente são. Talvez agora eu expulse os espectros e retome para mim o controle desse lugar. Controle não, porquê aqui nós vivemos direto, sem amarras.

Há muito tempo, sei que Thanatos é meu amigo e anda ao meu lado. Já falei dele por aqui várias vezes, nas épocas das grandes celebrações. Nos últimos dias, senti a presença dele de maneira bem marcante. É uma sensação intrigante: sentir-se tão próximo daquilo que tanto buscamos evitar. Mas eu já sei também há muito tempo que ele vai me avisar antecipadamente quando precisar me buscar. Estou sempre preparado para sua ligação.

Tomamos uma cerveja juntos, reclamando do calor, e eu sabia que ele sim tinha muito a ver com várias das mudanças. A primavera se transfigura de vida, mas ela tem muito de morte também. Todos sabem que todo fim representa muito de um novo começo, não preciso falar disso. A morte é necessária para a própria essência da vida.

Tomamos essa cerveja, e tudo bem. Cada um para o seu lado, nos veremos novamente outra hora. Esse é um encontro que perdura na pele, e ainda poucos dias depois sinto a presença por aqui, está ao meu lado nesse momento, mesmo não estando. Apesar disso, sei que isso logo passa, que a roda gigante sobe, e que vista maravilhosa!

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