quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Sobre Mudar

A evolução é parte natural do processo existencial de toda criatura. É importante que estejamos sempre aprendendo. Adquirindo novas técnicas e habilidades para lidar com o mundo, que, assim como as coisas vivas que nele habitam, está em constante processo mutacional.

Sempre me perguntei se as pessoas mudavam ou não mudavam. Essa é uma questão que há anos permeia meus questionamentos sobre o universo. Afinal, partia dessa mesma premissa: se o mundo muda, porque havemos de ser seres estáticos, ininfluenciáveis, constantes e parcimoniosos. Não somos assim, somos maleáveis, inconstantes, vulcânicos.

Na verdade, fazemos as duas coisas: mudamos e não mudamos. Nos tornamos coisas novas e somos a mesma coisa. Atacamos a existência em duas frentes. E não poderia ser diferente, criaturas tridimensionais devem naturalmente ver o mundo em diferentes âmbitos espaciais, bilateralmente, frente e verso, claro e escuro.

Isso acontece porque trocamos de pele, como alguns répteis, mas mantemos a mesma consistência física. Mudamos o tempo todo nas pequenas coisas, nos ideais, nas opiniões, nos questionamentos que fazemos, nos aprendizados, quando deveríamos nos tornar pessoas melhores. Mudamos no dia a dia, no atravessar de rua mais cauteloso após um atropelamento, no preconceito abandonado após um conhecimento do assunto, na postura emocional mais madura após uma situação complicada vivida.

Mas em essência, no fundo no fundo, em quem somos e nunca deixamos de ser, nisso somos os mesmos. É isso que nos faz. Somos como uma pedra, um bonito mármore, que depois de moldado se torna uma elegante escultura. Ele continua sendo pedra, em sua essência ele ainda é pedra, mas ficou ainda mais bela e agora é escultura. Mudou e não mudou. Se tornou uma coisa nova e ainda é a mesma coisa.

Mudar não é ruim, não mudar também não é. Somos mesmo essa ambiguidade existencial. Não somos definitivos, afinal, nada o é. Somos répteis e somos pedras, aprendendo com o mundo conforme ele vai se modificando. E isso tudo é essencial, é a nossa essência.

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